quinta-feira, 28 de maio de 2015

ANTÓNIO SARDINHA - Deus na Planície

 
 
 
 
 
 
 

António Sardinha (Monforte, Alentejo, Portugal,1887- Elvas, Alentejo, Portugal, 1925).

Foi poeta, historiador, ensaísta e político.

Em 1914, fundou a revista “Nação Portuguesa”, que viria a dar origem ao integralismo lusitano, do qual foi precursor.

Dirigiu o jornal diário “A Monarquia”, que defendia o nacionalismo monárquico.

Devido à derrota do movimento da Monarquia do Norte, António Sardinha exilou-se em Espanha.

Algumas das suas obras poéticas: Tronco Reverdecido; Epopeia da Planície; Quando as Nascentes Despertam; Chuva da Tarde; Era uma vez um Menino; O Roubo da Europa.
 
 
Palavras de António Sardinha:
“Esta Elvas! “Esta Elvas!” – Oh, então! Uma lágrima – um silêncio – um suspiro risonho porão Elvas inteira e viva à nossa frente evocada em Amor como num sonho.”

 
 
 
          Deus na Planície
                         
O espírito de Deus flutua e erra
por todo este côncavo profundo.
Assim errava Ele sobre a terra
quando pensou na criação do Mundo.
 
É noite. Aqui não há mar nem serra.
Há o infinito, o vago. E cá no fundo
minh'alma que se excede e que se aterra,
ó Hálito-Supremo em que eu me inundo!
 
Ó Hálito-Supremo!... É noite escura.
E o Criador no enlevo em que eu me alago
domina e empolga a Sua criatura.
 
Sucumbe em mim o bicho vil da terra
E como no Princípio sobre o vago
O Espírito de Deus flutua e erra.
 
António Sardinha, in “Epopeia da Planície”
 
 

 

 

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