sábado, 29 de agosto de 2015

ABADE DE JAZENTE - Amor é um arder que não se sente

 
 
 
 
 

Abade de Jazente (Amarante, Portugal, 1719 – 1789).

 Foi poeta, sobretudo sonetista, que usou o sarcasmo para criticar a sociedade da época em que viveu.
 Em 1752, foi nomeado abade da freguesia de Jazente, onde viveu 30 anos e donde lhe veio o nome de Abade de Jazente.
Escreveu textos de conteúdo moral, depoimentos históricos e poesias onde se canta o amor epicurista e horaciano.
 
 
Réplica ao soneto de Camões “Amor é fogo que arde sem se ver ”:
 
 
Amor é um arder que não se sente

Amor é um arder que não se sente,
É ferida que dói e não tem cura,
É febre que no peito faz secura,
É mal que as forças tira de repente.


É fogo que consome ocultamente,
É dor que mortifica a criatura,
É ansia a mais cruel, a mais impura,
É frágoa que devora o fogo ardente.


É um triste penar entre lamentos,
É um não acabar sempre penando,
É um andar metido em mil tormentos.


É suspiros lançar de quando em quando,
É quem me causa eternos sentimentos,
É que me mata e vida me está dando.

 

Abade de Jazente
Imagem: pintura de Barbara Hepwortth (Reino Unido, 1903 – 1975).

 

 

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