sábado, 9 de janeiro de 2016

A SEVERA – O primeiro filme sonoro português

 
 
 
 

Maria Severa Onofriana (Lisboa, Portugal, 1820-1846)

Celebrizou-se como "Severa", tornada o ícone de primeira fadista pelos seus amores e pelos fados que cantava, tocava e dançava, no bairro da Mouraria. (…)

A popularidade de Severa resultou em larga parte da sua relação amorosa com o Conde de Vimioso, D. Francisco de Paula Portugal e Castro, que lhe proporcionou grande celebridade e naturalmente permitiu a Severa um maior prestígio e número de oportunidades para se exibir para um público de jovens oriundos da elite social e intelectual portuguesa. (…)

Prolonga-se até hoje a aura de mistério que torna Severa na figura mais mitológica do universo fadista, fruto da ausência de detalhes sobre a sua vida, bem como da inexistência de um retrato que comprovadamente possa perpetuar a sua figura. (…)

Em 1901 Júlio Dantas escreve o romance "A Severa”. (…)

Do mesmo autor é a peça que estreia a 25 de Janeiro de 1901, no Teatro D. Amélia (futuro Teatro São Luiz), com Ângela Pinto a protagonizar a cantadeira Severa. De tal forma esta peça se tornou um êxito que foi adaptada a opereta por André Brun, com o mesmo título, em 1909. Neste espectáculo a protagonista foi Júlia Mendes. (…)

A obra de Júlio Dantas será ainda adaptada ao cinema pela mão de Leitão de Barros que realiza, em 1931, o primeiro filme sonoro português, também intitulado "A Severa". O filme estreou no São Luiz, num ambiente de acontecimento nacional, a 18 de Junho de 1931 e esteve mais de 6 meses em cartaz, sendo visto por 200 mil espectadores.

Fonte: Museu do Fado
 
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A actriz Dina Teresa, que protagonizou o filme, cantou o fado de grande sucesso com letra de Júlio Dantas e música de Frederico de Brito:

 

Ó Rua do Capelão

 

Ó Rua do Capelão

Juncada de rosmaninho,
Se o meu amor vier cedinho
Eu beijo as pedras do chão
Que ele pisar no caminho.

Há um degrau no meu leito,
Que é feito p´ra ti somente.
Meu amor, sobe-o com jeito…
Se o meu coração te sente
Fica-me aos saltos no peito.

Tenho o destino marcado
Desde a hora em que te vi,
Ó meu cigano adorado :
Viver abraçada ao fado,
Morrer abraçada a ti!

 

 
Imagem: Cartaz do filme “A Severa”

 

 

 
 
 

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