sábado, 30 de janeiro de 2016

TOMÁS ALCAIDE – Um Cantor no Palco e na Vida

 
 
 
 
 
 

Tomás Alcaide (Estremoz, Portugal, 1901 – Lisboa, Portugal, 1967).

Em pequenas tertúlias de carácter íntimo, revela a sua voz de belo timbre e a conselho de alguns amigos e de alguns críticos, decide dedicar-se à carreira lírica. Neste sentido inicia as suas lições de canto, primeiro com o professor italiano Alberto Sarti e posteriormente com o barítono D. Francisco de Sousa Coutinho, famoso sobretudo pelo seu papel em “Falstaff”.

Após a sua primeira apresentação pública realizada no Teatro Bernardim Ribeiro em Estremoz, Alcaide prossegue os estudos vocais com a célebre meio-soprano italiana de finais do século XIX, Eugenia Mantelli, que lhe proporciona não só uma sólida preparação musical como também o inicia em alguns dos papéis mais apropriados para a sua voz, como o de Rodolfo, Fausto ou Duque de Mântua. (…)

Aos 24 anos, mais precisamente a 19 de Abril de 1925, Tomás Alcaide decide partir para Milão para se aperfeiçoar ainda mais na sua arte. Nesta cidade vai estudar durante algum tempo com o Maestro Fernando Ferrara que depois de ter apurado metodicamente a técnica vocal do seu brilhante aluno o direcciona correctamente para o reportório comummente conhecido como “di grazia”, o que melhor se adaptava à sua voz. Neste sentido aconselha-o a estudar os papéis de Almaviva, Elvino, Ernesto, Nadir, De Grieuz e Werther.

No final desse ano de 1925, mais precisamente a 5 de Dezembro, Alcaide estreia-se no Teatro Carcano de Milão, aí interpretando o papel de Maestro Wilhelm, personagem da ópera “Mignon” de Ambroise Thomas.

Dava-se assim início a uma brilhante carreira internacional, pois após a sua estreia no Teatro Carcano, Alcaide vai trabalhar ininterruptamente em quase todos os teatros Italianos. A sua enorme fama leva-o por exemplo, em 1930, a ser o tenor escolhido para a estreia mundial das óperas contemporâneas “As Preciosas Ridículas” de Felice Lattuada e “Il Re” de Umberto Giordano, ambas estreadas a 26 de Janeiro desse ano no Teatro Reale de Roma. Após o sucesso destas récitas Alcaide apresenta-se no Scala de Milão, onde é ouvido não só n’ “As Preciosas Ridículas” como também em “Il Gobbo del Califfo” de Franco Casavola e “Madonna Imperia” de Franco Alfano. (…)

Entretanto, na década de 30 do século XX, quando o seu talento de grande tenor era já reconhecido por toda a Europa, Alcaide estreia-se no mundo da zarzuela e da ópera vienense. Em Montecarlo interpreta em 1934 “Doña Francisquita” do espanhol Amadeo Vives e em Boulogne sur mer, Bruxelas e Paris interpreta em 1937 a opereta “O País dos Sorrisos” de Franz Lehár, um sucesso estrondoso. Ficarão famosas as suas interpretações de personagens libertinas, fazendo uso da sua voz de grande pureza de timbre.

No entanto com o início da 2ª Guerra Mundial, Tomaz Alcaide vê-se obrigado a partir para a América do Sul. O Teatro Colón em Buenos Aires, recebe-o de braços abertos, assim como a Ópera do Rio de Janeiro e o Teatro Municipal de São Paulo. É aliás no Brasil que Alcaide conhece a sua 2ª mulher, Asta-Rose Alcaide.

Apreciado pelos seus incontestáveis dotes naturais – os seus “pianíssimos” eram levados ao extremo – e pelo seu virtuosismo técnico e escola vocal, Tomás Alcaide apresentou-se durante mais de duas décadas nos mais importantes teatros líricos da Europa e América. Entre eles contam-se o Scala de Milão, o San Carlo de Nápoles, o Real de Roma, a Ópera de Paris, a Ópera de Viena, o Teatro Real de La Monnaie em Bruxelas, o Teatro Nacional de S. Carlos, o Teatro Colón em Buenos Aires, a Ópera do Rio de Janeiro e o Teatro Municipal de São Paulo, palcos onde interpretou um vasto reportório de onde se destacam as óperas “La Favorita”, “Rigoletto”, “Cavalleria Rusticana”, “Manon”, “Romeu e Julieta”, “Os Pescadores de Pérolas” e “Werther”. (…)

Na última década de vida, Alcaide realizou diversas conferências, publicou a sua autobiografia intitulada Um Cantor no Palco e na Vida, colaborou em programas de rádio ao lado de João de Freitas Branco e de Maria Helena de Freitas e dirigiu a Escola de Canto do Teatro da Trindade acumulando aqui os cargos de mestre de canto e de encenador da Companhia Portuguesa de Ópera

 

Fonte: Biografia de Tomás Alcaide de autoria do pianista e maestro António Ferreira (excertos).

 

 
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Palavras de Tomás Alcaide:

“A noite de estreia no “Teatro Scala” de Milão foi para mim, como é de imaginar, uma grande noite.”

 

 

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