quinta-feira, 24 de março de 2016

EDUARDO GUIMARÃES - Aos Lustres






Eduardo Guimarães (Porto Alegre, Brasil, 1892 – Rio de Janeiro, Brasil, 1928).

Integrou o grupo dos poetas simbolistas, formando com Cruz e Sousa e Alphonsus de Guimaraens, a “trilogia simbolista” no Brasil.
Os seus versos têm grande poder sugestivo e fazem dele um dos melhores poetas do seu tempo.
Algumas das suas obras: Caminho da Vida, A Divina Quimera.



Palavras de Eduardo Guimarães:
“Uma carta de amor fala me­lhor que um lábio.”




                   Aos Lustres


Suspensos nos salões dos tetos decorados,
Que de arabescos orna o gesso alvinitente,
Ó lustres de cristal, enganadoramente
Ao mesmo tempo sois sonoros e calados.

Pesados, emprestais, no entanto, à pompa ambiente,
Onde há ricos painéis entre florões doirados,
A mais aérea graça, e os olhos deslumbrados
Sentem que os cega o vosso encanto reluzente.

Que o silêncio em redor guarde a fragilidade
Translúcida que sois, e ouçam-se quase a medo
Os rumores quaisquer que em torno a vós se formem!

Toquem-vos docemente a sombra e a claridade...
Nem se turbe, jamais, ó lustres, o segredo
Das vibrações que em vós, musicalmente dormem!


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