quinta-feira, 16 de junho de 2016

PEDRO TAMEN - A Luz que Vem das Pedras




Pedro Tamen (Lisboa, Portugal, 1934).

Foi director da Moraes Editora (1958 e 1975) e responsável por uma das mais importantes colecções de poesia, Círculo de Poesia.

Foi presidente da PEN Clube Português (1987-1990), membro da direcção da Associação Portuguesa de Escritores e administrador da Fundação Calouste Gulbenkian.

A sua poesia, reunida em Tábua das Matérias (1956-1991), foi galardoada com o prémio da Crítica e com o Grande Prémio Inapa de Poesia.
Está representado nas antologias de poesia portuguesa contemporânea.
A sua obra está traduzida e publicada em várias línguas.

Tradutor de prosa e poesia, traduziu Flaubert, Lautréamont, Garcia Marquez, Vargas Llosa, Proust, entre outros.
Obteve o Grande Prémio de Tradução em 1990.


in Instituto Camões


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Palavras de Pedro Tamen:
"A minha solidão é positiva. Gosto imenso de pensar alto, de falar alto, exactamente como se estivesse aqui alguém, só que esse alguém sou eu, o que é uma óptima companhia. Dou-me muito bem comigo."


A Luz que Vem das Pedras


A luz que vem das pedras, do íntimo da pedra,
tu a colhes, mulher, a distribuis
tão generosa e à janela do mundo.
O sal do mar percorre a tua língua;
não são de mais em ti as coisas mais.
Melhor que tudo, o voo dos insectos,
o ritmo nocturno do girar dos bichos,
a chave do momento em que começa o canto
da ave ou da cigarra
— a mão que tal comanda no mesmo gesto fere
a corda do que em ti faz acordar
os olhos densos de cada dia um só.
Quem está salvando nesta respiração
boca a boca real com o universo?


Pedro Tamen, in "Agora, Estar"



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