sábado, 20 de agosto de 2016

LUÍS ANTÓNIO VERNEY – Filósofo, teólogo e professor







Luís António Verney (Lisboa, Portugal, 1713 – Roma, Itália, 1792).

Figura cimeira do iluminismo português, efectuou os primeiros estudos no Colégio jesuíta de Santo Antão. Aluno de Filosofia no curso dos Oratorianos (1727-1730), viria a alcançar o bacharelato já na Universidade de Évora (1731) e o grau de licenciado e Mestre em Artes pela mesma Universidade em 1733.

Porventura incompatibilizado com o ensino então ministrado nas escolas da Companhia de Jesus, fixou-se em Roma, aos 23 anos, desenvolvendo, fora da Pátria e até ao fim da sua vida, uma intensa actividade intelectual, com a generosa intenção de reformar o ensino e a mentalidade cultural em Portugal, podendo considerar-se a publicação do seu Verdadeiro Método de Estudar (1746), tanto pelo conteúdo como pela polémica gerada, como um dos mais dinâmicos factores de sistematização do ideário iluminista entre nós. (…)

Crítico de Descartes no âmbito da origem das ideias, Verney revelou-se um cartesiano no plano da Gramática. As suas diatribes contra o ensino do Latim pelo compêndio já bissecular do P. Manuel Álvares S.J., levaram-no a expressar, na Gramática Latina tratada por um método novo claro e fácil (1758), a concepção de uma ordem natural das palavras na sintaxe, comum a todas as línguas, tese nuclear das gramáticas cartesianas do séc. XVII, como também da gramática generativa contemporânea.

Aquilo a que chamará «a parte filosófica da gramática» consiste, pois, no estudo dos «princípios gerais e inalteráveis» comuns a todas as línguas, nos quais deveria assentar uma boa estratégia de ensino do Latim. Tais princípios emanavam da «conexão essencial das palavras com os pensamentos lógicos». Ora, «sendo pois a ordem natural e lógica dos pensamentos a mesma em todos os homens», segue-se que «todas as línguas têm a mesma ordem natural de sintaxe», sendo meramente «acidental» a diversidade que nesse plano se verifica, nomeadamente no latim. (…)

Situando-nos do lado da questão da reforma dos métodos de ensino, outro eixo do seu pensamento, ela concentra-se em torno do conceito de «método», designação que incluiu no título da sua obra mais conhecida. (…)

Por «método» Verney entende, como era comum na época, uma ordem de disposição das ideias no discurso. Neste âmbito, tenderá a cristalizar como ordem de transmissão dos conteúdos de ensino, adaptada aos mecanismos naturais de recepção das ideias, no quadro mais vasto de uma lógica natural. (…)

Essa ordem encontrou-a na geometria e no método sintético dos geómetras, caminhando do simples ao complexo, do geral ao particular, das causas para os efeitos, como procedimento privilegiado de simplificação da exposição doutrinal e, porque definido a partir do conhecimento dos mecanismos de que a razão naturalmente se serve na recepção das ideias, entendido como «método natural».



Fonte: Instituto Camões

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