terça-feira, 29 de novembro de 2016

FRANCISCO JOAQUIM BINGRE - O Tempo Gastador de Mil Idades





Francisco Joaquim Bingre (S. Tomé de Canelas, Aveiro, Portugal, 1763 – 1856).


Foi um dos fundadores da Nova Arcádia de Lisboa (1790), juntamente com Domingos Caldas Barbosa, Belchior M. Curvo-Semedo e J.S. Ferraz de Campos. Nas suas poesias, predominam o lírico e o bucólico.


in “Dicionário de Literatura”



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Francisco Joaquim Bingre deixou-nos uma vastíssima obra, distribuída por cerca de 1120 sonetos, odes, sátiras, madrigais, elegias, farsas, fábulas, hinos, etc.
Morreu na miséria.



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O Tempo Gastador de Mil Idades


O Tempo gastador de mil idades,
Que na décima esfera vive e mora,
Não descansa co'a Fúria tragadora,
De exercitar, feroz, suas crueldades.

Ele destrói as ínclitas cidades,
As egípcias pirâmides devora:
Sua dentada fouce assoladora,
Rompe forças viris, destrói beldades.

O bronze, o ouro, o rígido diamante,
A sua mão pesada amolga e gasta
Levando tudo ao nada, em giro errante.

Como trovão feroz rugindo arrasta,
Quanto cobre na Terra o sol radiante,
Só da Virtude com temor se afasta.


in “Sonetos”


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