domingo, 22 de janeiro de 2017

JORGE ROSA - Escrevi teu nome no vento





JORGE ROSA 
(Lisboa, Portugal, 1930 – 2001)

Artista plástico, cenógrafo e poeta

Artista plástico multifacetado, com uma obra invulgarmente extensa, considerando os variados campos da arte a que se dedicou.

Aos 18 anos começou a distinguir-se pelo elevado valor artístico dos seus trabalhos de desenho, a crayon de nus artísticos e animais e a tinta-da-china de obras religiosas como a Descida da Cruz, Cristo Crucificado e as fachadas de igrejas e monumentos de Lisboa apresentando já, na opinião dos seus mestres, uma elevada qualidade e rigor de pormenor.

Ao longo de mais de 50 anos, dedicou-se ininterrupta e simultaneamente, com singular maestria, às artes de: desenhador, maquetista, pintor, decorador, figurinista, cenógrafo e poeta.

Sendo um apaixonado pela cidade de Lisboa e da sua vida nocturna e particularmente dos seus bairros mais populares como a Madragoa, Alfama, Bairro Alto e Mouraria, onde se cantava o fado de que muito gostava, pintou magistralmente as sua casas, suas escadinhas e suas gentes, de que se destacam os quadros de casario, telhados e figuras típicas como as varinas, os fadistas e os vendedores de rua. 

Realizou dezenas de exposições individuais e colectivas, com centenas de quadros que produziu.

Como maquetista, desenhou e pintou, programas de espectáculos, catálogos de exposições,  cartazes publicitários de montra e de parede de filmes, de peças de teatro, especialmente revistas do Parque Mayer, onde durante 40 anos então como cenógrafo, concebeu cenários e desenhou guarda roupas, tendo também colaborado com poemas.

Para as marchas dos santos populares dos bairros de Alfama, Madragoa, Mouraria e Carnide, desenhou arcos e produziu as letras das marchas, algumas das quais, também musicou.

Como caricaturista, a sua capacidade de apreensão rápida em poucos traços das características mais significativas de cada caricaturado, tornaram-no, sem dúvida, de longe, no caricaturista português preferido, com uma obra ímpar quer em qualidade quer em quantidade.

Entre os anos de 1950 e 2000 foi o caricaturista que produziu 90% das caricaturas de todos os livros de curso editados na zona da Grande Lisboa, cada um deles com dezenas de imagens.

Como poeta, em parceria com os melhores maestros e músicos, compôs fados inesquecíveis que foram cantados por todos os fadistas de maior nomeada.
Os poemas que originaram fados, canções e marchas e que se encontras registados na Sociedade Portuguesa de Autores, rondam os 800, não considerando aqueles, e foram muitos, de que o poeta abdicou dos seus direitos autorais para oferecer aos seus amigos e amigas cançonetistas e fadistas.

Do seu enorme espólio artístico de pinturas, caricaturas e poemas, destacam-se cerca de 3.000 poemas inéditos que os seus herdeiros põem à disposição de todos os artistas que os quiserem cantar, alguns dos quais já foram escolhidos, após sua morte, por artistas consagrados.

in “Portal do Fado” (excertos) 


ESCREVI TEU NOME NO VENTO


Escrevi teu nome no vento
Convencido que o escrevia
Na folha dum esquecimento
Que no vento se perdia

Ao vê-lo seguir envolto
Na poeira do caminho
Julguei meu coração solto
Dos elos do teu carinho

Pobre de mim, não pensava
Que tal e qual como eu
O vento se apaixonava
Por esse nome, que é teu

Em vez de ir longe, e levá-lo
Longe onde o tempo o desfaça,
Anda contente a gritá-lo
Onde passa e a quem passa

E quando o vento se agita,
Agita-se o meu tormento;
Quero esquecer-te, acredita,
Mas cada vez há mais vento



Fado de Lisboa:
- Letra: Jorge Rosa
- Música: Raul Ferrão


Sem comentários:

Enviar um comentário