quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

O TRISTE RISO DE UM PALHAÇO




O TRISTE RISO DE UM PALHAÇO


Pietro Mascagni, com Cavalaria rusticana, tinha imposto na ópera o movimento verista, que pretendia transladar para a cena lírica os princípios do realismo que, em literatura, eram representados por Émile Zola ou Giovanni Verga. Neste ano, seguem o seu caminho músicos como Alfredo Catalani, com Mala vita e, acima de todos, Ruggero Leoncavallo, com Pagliacci. Esta última inspira-se num facto real, ocorrido durante a infância do compositor numa povoação da Calábria: o assassínio de uma mulher às mãos do seu amante, membro de uma companhia de palhaços. 

Com libreto do próprio Leoncavallo, a ópera é estreada em Milão a 21 de Maio de 1892, dirigida pela batuta de Arturo Toscanini. 

Alcança um êxito extraordinário, e não é para menos: o subtil desenho psicológico das personagens, a concentração e intensidade da acção e uma eficaz mistura de comédia e drama, além de uma escrita melódica directa, fazem de Pagliacci um clássico. 

Destacam-se especialmente, o recitativo e a ária do palhaço Canio «Recitar!... Vesti la giubba» (Recitar!...Veste o gibão), no qual se expressa todo o drama que anima o protagonista, a contradição de fazer rir as pessoas enquanto no seu interior é corroído pelo desespero e pelos ciúmes.



in “Crónica da Música”
Imagem: Luciano Pavarotti



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