domingo, 26 de março de 2017

ELEGIA



ELEGIA


Pequeno poema de origem grega (século VII a.C.), de natureza melancólica e triste, e distinto da poesia lírica pelo seu ritmo próprio, quiçá o mais antigo depois da Epopeia. Horácio e Dídimo aceitaram a Elegia como tendo sido no seu começo um canto de lamentação. 

Embora no dizer de Costa Ramalho, as primeiras elegias conhecidas sejam as de Calino e Tirteu, guerreiras, e, por conseguinte, de atitude de espírito oposto.

Na literatura portuguesa, coube ao Renascimento ressuscitar a Elegia, esquecida durante toda a Idade Média, dando-lhe uma certa importância no panorama da poesia lírica. E os autores que mais cultivaram este género poético, foram Sá de Miranda, António Ferreira, Pêro de Andrade Caminha, Camões, Diogo Bernardes e Frei Agostinho da Cruz.

O último poeta que continuou em nossos dias o género da Elegia, foi Teixeira de Pascoaes, com o seu livro Elegias, em que o autor de Marânus canta a morte de uma criança.


in “Literatura Portuguesa”

***

ENCANTAMENTO

Quantas vezes, ficava a olhar, a olhar
A tua doce e angélica Figura,
Esquecido, embebido num luar,
Num enlevo perfeito e graça pura!

E à força de sorrir, de me encantar,
Diante de ti, mimosa Criatura,
Suavemente sentia-me apagar...
E eu era sombra apenas e ternura.

Que inocência! que aurora! que alegria!
Tua figura de Anjo radiava!
Sob os teus pés a terra florescia,

E até meu próprio espirito cantava!
Nessas horas divinas, quem diria
A sorte que já Deus te destinava!



TEIXEIRA DE PASCOAES(Amarante, Portugal,1877 – 1952), poeta, in “Elegias”




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