sexta-feira, 14 de abril de 2017

JOSÉ FERNANDES BADAJOZ – Poeta Cavador




JOSÉ FERNANDES BADAJOZ
(Mucifal, Sintra, Portugal, 1920 – 2000)

Poeta e agricultor

Com 13 anos de idade, cria o mais célebre dos seus temas “O Cavador”, que viria a arrastar multidões de norte a sul do país, tal o impacto que o tema despertou nas décadas de 40, 50 e 60, pelo facto dos seus versos serem duma simplicidade extraordinária e o José Fernandes o interpretar como ninguém, servindo-se de uma voz melodiosa, pura e bem timbrada, segura e com uma postura física que só ele conseguia transmitir. 

Poeta, cantor e compositor musical, o José Fernandes – O Poeta Cavador do Mucifal, criou imensos êxitos, com a sua simplicidade das coisas que retratava e, independentemente de não saber uma nota de música, musicava-os e cantava-os. Na década de 40, encontrava-se no auge do seu êxito, os jornais do país destinavam curiosas e entusiásticas notícias em caixa alta, à carreira deste artista.

Mas o ambiente artístico profissional, já nessa altura, envolvido em invejas e ciúmes, leva este homem simples e grande artista, a afastar-se definitivamente do percurso profissional. Assim José Fernandes, não se deixa arrastar pelo fascínio da fama e do êxito profissional, vindo-se a entregar, cada vez mais, à sedução mágica do campo, trocando a fama e a riqueza por uma vida autêntica e honrada como agricultor.


in “Geocache “

Imagem: Busto de José Fernandes Badajoz - Mucifal


O CAVADOR

Mal que rompe a madrugada
Ponho ao ombro a minha enxada
Vou para o campo trabalhar.
É assim a minha vida
Porque gosto desta lida
Nunca a poderei deixar.
Quem no campo labutar
É que sabe avaliar
O que custa a nossa arte
Quem o trabalho conhece
Vê que o cavador merece
Elogio em toda a parte.

Refrão

O pobre trabalhador
Passa a vida atribulada
Desde manhã ao sol - pôr
A puxar pela enxada.
Sempre, sempre a trabalhar
É assim nosso viver
Se não podemos ganhar
Já não temos que comer.


Há quem diga por supor
Que o pobre trabalhador
É rude e não sabe nada
Que é uma ideia embrutecida
Pois somente leva a vida
A puxar pela enxada.
Sabemos compreender
Que é bonito saber ler
E que é bom ser educado
A sorte é que nos ilude
Mas não tem nada ser rude
Para ser homem honrado.





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