quinta-feira, 17 de agosto de 2017

ENTRE DOIS ESCRITORES DE TEATRO

 
 
 
ENTRE DOIS ESCRITORES DE TEATRO
 

 
No dia da primeira representação do Íntimo chegava a Lisboa um número do Figaro com esta nouvelle à la main:
«Entre dois escritores de teatro:
   - Porque não vais nunca às primeiras representações?
  - Porque as peças, quando são más, aborrecem-me, e, se são boas, irritam-me.»
Cá vão; irritam-se e denunciam-no nos jornais, elogiando calorosamente, excessivamente, em artigos cheios de mas … e de porém ... As más não os aborrecem, como ao outro de Paris, - alegram-nos e tanto que voltam a vê-las ... a ver como está a casa. Vazia a plateia; nos camarotes algumas familias borlistas; a voz dos actores mal humorados reboa pelo casarão, duma frieza congeladora. Sentem-se mesmo ao pé da orquestra arrepios de frio. E, com a gola dó casaco levantada, sempre se goza uma tal satisfação !
 
 
in  BALAS ... DE PAPEL” – Publicação bimensal – 20 de Janeiro de 1891, dirigida por Gualdino Gomes e Carlos Sertório.
Imagem: pintura de Wassily Kandinsky (Rússia, 1866 – França, 1944).
 
 

 
 


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