BEATRIZ COSTA
(Charneca do Milharado, Portugal, 1907
- Lisboa, 1996)
Actriz
de teatro e cinema
***
Perto
do Teatro da Trindade, em Lisboa, fica o célebre café ‘A Brasileira’ do Chiado.
Nessa
altura, uma senhora não frequentava lugares em que os homens permanecessem…
***
(continuação)
A
BRASILEIRA DO CHIADO DOS ANOS 30!
Carlos
Botelho, pintor, de Lisboa! Talento de arrasar… A sua obra vasta e harmoniosa
espalha-se por vários continentes.
Carlos Leal frequentava A Brasileira. Sempre impecavelmente vestido. Foi o meu Vasco
da Gama! Viu-me no grupo das «humildes» e esticou o dedo indicador: «Esta vai
ser artista»… Foi um grande actor popular. Ocupa um dos melhores lugares neste
coração!
Raul
de Carvalho, actor de voz de veludo. Meu amigo por impulso. É um dos que fazem
parte da família que descobri. A sua saúde delicada fez que se afastasse ainda
jovem.
José
de Lemos. Com um rabisco no Diário
Popular faz rir meio mundo. Agora aparece pouco, porque trabalha muito.
Carlos
Amaro. Foi autor daquela peça em que apareciam dois jovens que já não têm
idade: João Villaret e Maria Lalande – São
João Subiu ao Trono! Era um homem inteligente e muito espirituoso. O tempo
não deu tempo a que eu o conhecesse melhor. Tive pena…
Afonso
Lopes Vieira. Uma das criaturas mais bem educadas deste país em que o «Ó pá» se
ouve de duas e duas palavras. Não era frequentador d´A Brasileira, mas aparecia
uma vez por outra. Gostava muito de mim, que sempre retribuí esse gostar. Se
não fosse o pouco caso que sempre me mereceram as colecções, teria dezenas de
cartas e cartões deste homem inesquecível.
Norberto
Lopes. Um dos mais brilhantes jornalistas de todos os tempos. A sua prosa
inteligente e actualíssima tem absorvido algumas horas da minha vida. Quando
fazia críticas de teatro, dava aulas de cultura. Com aquela simplicidade dos
«autênticos», podia dar lições de bondade e bom português a muito fanfarrão que
escreve Beatriz com «i».
António
Lopes Ribeiro. Não foi meu cunhado por um fio! Deve ser dos homens que em
Portugal mais sabem de cinema. Poliglota, creio que até fala búlgaro!.. A prova
de que tem talento é que, de vez em quando, ouço dizer mal dele…
(continua)
in
“Sem Papas na Língua” – Memórias - 1974
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