EUGÉNIO DE CASTRO
(Coimbra, Portugal, 1869 - 1944
Poeta
Poeta
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Com
a publicação de Oaristos, 1890, e Horas, 1891, introduziu o simbolismo em
Portugal. Mas, de facto, mais do que simbolizar, Eugénio de Castro tentou alegorizar
o fausto sensual a que aspirava. Começou por cultivar um exotismo artificial,
fruto da necessidade de pôr em evidência a vulgaridade das formas poéticas
então em voga. O seu temperamento sensorial levou-o depois a um neoclassicismo
dotado de um excepcional sentido de beleza plástica.
in “Portugueses Célebres”
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APETITE DE POBRE
Oh!
que linda vais hoje, e que ciúme
Tenho
das pedras que na rua pisas!
Quantos
te vêem, quantos escravizas,
De amor deixando um rastro e de perfume…
Achando
pouco ainda o claro lume
Desse
olhar com que atrais e tiranizas,
Cheia
de jóias trémulas, matizas
De irídias cor´s o vesperal negrume…
Vendo-te
moça e a mim avelhentado.
E alegres,
idos tempos relembrando,
Evoco a face macerada e fina
Dum
rapazito roto e esfomeado,
Que
avisei, uma noite, namorando
Dum confeiteiro a lúcida vitrina…
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