quinta-feira, 16 de maio de 2019

EUGÉNIO DE CASTRO – Apetite de Pobre



EUGÉNIO DE CASTRO
(Coimbra, Portugal, 1869 - 1944
Poeta

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Com a publicação de Oaristos, 1890, e Horas, 1891, introduziu o simbolismo em Portugal. Mas, de facto, mais do que simbolizar, Eugénio de Castro tentou alegorizar o fausto sensual a que aspirava. Começou por cultivar um exotismo artificial, fruto da necessidade de pôr em evidência a vulgaridade das formas poéticas então em voga. O seu temperamento sensorial levou-o depois a um neoclassicismo dotado de um excepcional sentido de beleza plástica. 


in “Portugueses Célebres”

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APETITE DE POBRE

Oh! que linda vais hoje, e que ciúme
Tenho das pedras que na rua pisas!
Quantos te vêem, quantos escravizas,
De amor deixando um rastro e de perfume…

Achando pouco ainda o claro lume
Desse olhar com que atrais e tiranizas,
Cheia de jóias trémulas, matizas
De irídias cor´s  o vesperal negrume…

Vendo-te moça e a mim avelhentado.
E alegres, idos tempos relembrando,
Evoco a face macerada e fina

Dum rapazito roto e esfomeado,
Que avisei, uma noite, namorando
Dum confeiteiro a lúcida vitrina…
 





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