quinta-feira, 22 de agosto de 2019

ISABEL WOLMAR – A Televisão (I)




ISABEL WOLMAR
(Lisboa, Portugal, 21 de Março, 1933 – 21 de Julho, 2019)
Locutora, apresentadora, produtora, repórter, actriz, poetisa, declamadora

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A TELEVISÃO (I)


«O Rui Ferrão já colaborava com a minha família nas emissões infantis da Emissora Nacional e foi ele que me levou para a televisão para participar numa peça que ele ia realizar, A Carochinha e o João Ratão. Foi a primeira emissão de Teatro televisivo infantil que houve em Portugal, adaptada por Noel de Arriaga, com música do meu pai. Eu fazia de Carochinha e o Rui Luiz era o João Ratão.

A partir daí interpretei várias peças na TV: A Sapateira Prodigiosa, com Amália Rodrigues e Barreto Poeira; em O Ídolo de Ouro protagonizei um par romântico com Carlos José Teixeira; e participei em muitos programas infantis.


*

Devo muito na televisão ao Fernando Pessa, ao Luís Andrade e ao seu irmão, Vítor Manuel.

Fernando Pessa foi um mestre e um grande amigo. Aprendi com ele a fazer ´cabine`. Eu estava habituada ao teatro radiofónico, a saber dizer, a falar, a respirar, porque tinha tido essa educação, sobretudo do Manuel Lereno, mas o Fernando Pessa ensinou-me a fazer reportagem, por exemplo.

Depois, quando passei para a produção e nada sabia daquele mundo, o Vítor Manuel, que já tinha feito filmes, veio ter comigo: «eu já percebi que você gosta e quer aprender, mas não sabe como. Eu mostro-lhe.» Ele e o Luís Andrade foram pessoas que viram que eu gostava de aprender e ensinaram-me. E eu, na televisão, fiz tudo.
Até varri o chão! 

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E só posso dizer que estava escrito que a minha sina era mesmo a TV, porque no dia em que assinei o contrato, cheguei a casa e tinha um recado: o Raul de Carvalho tinha telefonado para me dizer que a Dona Amélia Rey Colaço tinha um papel para mim. para interpretar a protagonista de Miss Julie, de Strindberg! 

Estava fora de questão eu aceitar, porque o contrato com a televisão obrigava-nos à exclusividade. Ora, bastava aquele telefonema ter sido meia hora mais cedo e hoje podia ser actriz. Por isso costumo dizer que houve uma mão divina que me levou para a televisão. E por muito que eu quisesse o teatro, quando faço uma coisa, tenho que a fazer bem feita.
E fiz boa televisão.»






in “A Vida com um Sorriso” – Patrícia Costa Dias (excertos)


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