ISABEL WOLMAR
(Lisboa, Portugal, 21 de Março, 1933 – 21 de Julho,
2019)
Locutora,
apresentadora, produtora, repórter, actriz, poetisa, declamadora
***
A TELEVISÃO
(II)
Em 1974, os ventos do 25
de Abril atiraram-me para a prateleira.
Aconteceram coisas muito feias quer na
televisão quer na rádio. O que mais me chocou foi a atitude de certos colegas.
Como é que as pessoas mudam de um dia para o outro? Nunca mais me esqueço de
ver um colega nosso, com um revólver apontado à garganta de outro, a dizer: «se
dás mais um passo, mato-te.» Com esta e outras atitudes, fui percebendo que a
maior parte das pessoas não sabe viver em liberdade.
*
Em 1976, faço o meu
regresso.
Nessa altura, o Carlos Cruz era director de programas e convidou-me
para fazer o Telecinema. Produzi,
realizei e apresentei o programa.
Viajei muito, conheci grandes nomes, como
Burt Lencaster, Steven Spielberg, Peter Ustinov, David Niven, Gerard Depardieu,
Isabelle Hupert, entre outros.
O trabalho mais gratificante na TV foi o Telecinema, sem dúvida.
*
No início dos anos 80, a
Maria Elisa como directora de programas, coloca-me como adjunta da parte
internacional dos programas recreativos (filmes, documentários, desenhos
animados). Aí, tinha 28 homens à minha conta. No início, eles não gostavam de
mim, mas depois foram fantásticos. Éramos uma equipa muito coesa e muito amiga.
Na parte musical da
produção, recebi três prémios pelo TOP2, na RTP2, um programa dedicado ao Rock,
e em Encontro Com descobri talentos
únicos, como o guitarrista clássico Silvestre Fonseca, hoje um grande artista,
reconhecido mundialmente. Tive também um programa de jazz, com o saudoso Luís
Villas-Boas, uma pessoa encantadora.
*
Quando me reformei, decidi
dedicar-me um bocado a mim mesma.
Fui para uma Universidade da Terceira Idade e
fiz dois anos de Antropologia, que interrompi quando comecei a fazer dobragens.
Nessa altura, surgiu-me um convite para regressar à televisão. Ainda que reticente,
aceitei…
O programa chamava-se A minha vida dava um filme, onde as pessoas
iam contar histórias da sua vida. Tinha um médico, um advogado e um psicólogo, que
davam credibilidade ao programa.
*
Quando a série de programas acabou, voltei a dedicar-me
a mim e a outros projectos.
in “A Vida com um Sorriso” – Patrícia Costa Dias
(excertos)
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