quinta-feira, 29 de agosto de 2019

ISABEL WOLMAR – A Televisão (II)




ISABEL WOLMAR
(Lisboa, Portugal, 21 de Março, 1933 – 21 de Julho, 2019)
Locutora, apresentadora, produtora, repórter, actriz, poetisa, declamadora

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A TELEVISÃO (II)

Em 1974, os ventos do 25 de Abril atiraram-me para a prateleira. 

Aconteceram coisas muito feias quer na televisão quer na rádio. O que mais me chocou foi a atitude de certos colegas. Como é que as pessoas mudam de um dia para o outro? Nunca mais me esqueço de ver um colega nosso, com um revólver apontado à garganta de outro, a dizer: «se dás mais um passo, mato-te.» Com esta e outras atitudes, fui percebendo que a maior parte das pessoas não sabe viver em liberdade.

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Em 1976, faço o meu regresso. 

Nessa altura, o Carlos Cruz era director de programas e convidou-me para fazer o Telecinema. Produzi, realizei e apresentei o programa. 

Viajei muito, conheci grandes nomes, como Burt Lencaster, Steven Spielberg, Peter Ustinov, David Niven, Gerard Depardieu, Isabelle Hupert, entre outros. 

O trabalho mais gratificante na TV foi o Telecinema, sem dúvida.

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No início dos anos 80, a Maria Elisa como directora de programas, coloca-me como adjunta da parte internacional dos programas recreativos (filmes, documentários, desenhos animados). Aí, tinha 28 homens à minha conta. No início, eles não gostavam de mim, mas depois foram fantásticos. Éramos uma equipa muito coesa e muito amiga.

Na parte musical da produção, recebi três prémios pelo TOP2, na RTP2, um programa dedicado ao Rock, e em Encontro Com descobri talentos únicos, como o guitarrista clássico Silvestre Fonseca, hoje um grande artista, reconhecido mundialmente. Tive também um programa de jazz, com o saudoso Luís Villas-Boas, uma pessoa encantadora.

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Quando me reformei, decidi dedicar-me um bocado a mim mesma. 

Fui para uma Universidade da Terceira Idade e fiz dois anos de Antropologia, que interrompi quando comecei a fazer dobragens. Nessa altura, surgiu-me um convite para regressar à televisão. Ainda que reticente, aceitei…

O programa chamava-se A minha vida dava um filme, onde as pessoas iam contar histórias da sua vida. Tinha um médico, um advogado e um psicólogo, que davam credibilidade ao programa.

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Quando a série de programas acabou, voltei a dedicar-me a mim e a outros projectos.






in “A Vida com um Sorriso” – Patrícia Costa Dias (excertos)







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