segunda-feira, 25 de novembro de 2019

JOÃO XAVIER DE MATOS - Pôs-se o Sol



JOÃO XAVIER DE MATOS
(Lisboa, Portugal, 1730/5 - Vila de Frades, 1789)
Poeta

***

Poeta árcade, a sua poesia documenta a evolução setecentista, onde se cultiva o barroquismo gongórico, depois o racionalismo neoclássico e por fim o pré-romantismo. O melhor das suas produções poéticas encontra-se em Rimas, em três volumes.


in “Livro dos Portugueses”
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PÔS-SE O SOL

Pôs-se o sol... Como já na sombra feia
Do dia pouco a pouco a luz desmaia,
E a parda mão da noite, antes que caia,
De grossas nuvens todo o ar semeia!

Apenas já diviso a minha aldeia;
Já do cipreste não distingo a faia.
Tudo em silêncio está; só lá na praia
Se ouvem quebrar as ondas pela areia.

Co’a mão na face, a vista ao céu levanto;
E cheio de mortal melancolia,
Nos tristes olhos mal sustenho o pranto.

E se inda algum alívio ter podia,
Era ver esta noite durar tanto
Que nunca mais amanhecesse o dia!


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