JOÃO
XAVIER DE MATOS
(Lisboa, Portugal,
1730/5 - Vila de Frades, 1789)
Poeta
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Poeta árcade, a sua poesia documenta a evolução setecentista, onde se cultiva
o barroquismo gongórico, depois o racionalismo neoclássico e por fim o pré-romantismo.
O melhor das suas produções poéticas encontra-se em Rimas, em três volumes.
in “Livro dos Portugueses”
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PÔS-SE
O SOL
Pôs-se o sol... Como já na sombra feia
Do dia pouco a pouco a luz desmaia,
E a parda mão da noite, antes que caia,
De grossas nuvens todo o ar semeia!
Apenas já diviso a minha aldeia;
Já do cipreste não distingo a faia.
Tudo em silêncio está; só lá na praia
Se ouvem quebrar as ondas pela areia.
Co’a mão na face, a vista ao céu levanto;
E cheio de mortal melancolia,
Nos tristes olhos mal sustenho o pranto.
E se inda algum alívio ter podia,
Era ver esta noite durar tanto
Que nunca mais amanhecesse o dia!
Do dia pouco a pouco a luz desmaia,
E a parda mão da noite, antes que caia,
De grossas nuvens todo o ar semeia!
Apenas já diviso a minha aldeia;
Já do cipreste não distingo a faia.
Tudo em silêncio está; só lá na praia
Se ouvem quebrar as ondas pela areia.
Co’a mão na face, a vista ao céu levanto;
E cheio de mortal melancolia,
Nos tristes olhos mal sustenho o pranto.
E se inda algum alívio ter podia,
Era ver esta noite durar tanto
Que nunca mais amanhecesse o dia!
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