Fernando Namora
nasceu em Condeixa-a-Nova no dia 15 de Abril de 1919 e viveu até 31 de Janeiro
de 1989.
Foi médico e escritor.
Publicou uma extensa obra traduzida
em várias línguas. Pertenceu ao grupo literário “Geração de 40”, no qual
participavam os escritores Mário Dionísio, Joaquim Namorado, Carlos de
Oliveira, João José Cochofel, entre outros.
Como médico, exerceu na sua terra natal, no
Alentejo e na Beira Baixa. Foi assistente no Instituto de Oncologia, em Lisboa.
Como escritor iniciou-se em 1933 com a publicação
de um livro de poemas intitulado “Relevos”.
Em 1941, ainda estudava, fez parte do projecto
"Novo Cancioneiro", uma colecção poética de 10 volumes, cujo primeiro livro foi
“Terra”, de inspiração neo-realista.
Além de poesia, Fernando Namora publicou romances,
biografias romanceadas, narrativas de viagem, com destaque para os cadernos de
um escritor, contos, novelas, memórias.
Colaborou em
diversa revistas, tais como “Sol Nascente”, “Revista de Portugal”, “Vida
Mundial Ilustrada”, “Ver e Crer”, “Diabo”, “Mundo Literário”, “Seara Nova”,
“Eva”, “Presença”, “Vértice”, etc.
Foi sócio do Instituto de História da Medicina. Foi
eleito membro honorário da Universidade do Alasca, da Hispanic Society of
America, de Nova Iorque, e do Instituto Médico de Sófia.
Pertenceu à Instituição de Fernando, o Católico, de
Saragoça; ao Instituto de Coimbra; à Associação Brasileira de Escritores
Médicos; à Academia das Ciências de Lisboa; à Academia Brasileira de Letras.
Foi também eleito membro da Academia Europeia das Ciências Artes e Letras.
Da sua vasta obra destacam-se, aleatoriamente, os
livros: “As Sete Partidas do Mundo”, “Fogo na Noite Escura”, “Os Clandestinos”,
“Resposta a Matilde”, “As Minas de S. Francisco”, “A Noite e a Madrugada”, “O
Homem Disfarçado”, “Mar de Sargaços”, “Marketing”, “ Cidade Solitária” e
diversas memórias, crónicas e ensaios.
A sua criação poética foi reunida na
antologia “As Frias Madrugadas”.
As obras
“Retalhos da Vida de um Médico”,“ O Trigo e o Joio” e “Domingo à Tarde”, foram
adaptadas para o cinema.
Em 1981, a Academia das Ciências de Lisboa e o PEN
Club propuseram a candidatura de Fernando Namora ao Prémio Nobel de
Literatura.
Em Condeixa existe a Casa Museu Fernando Namora,
inaugurada em 30 de Junho de 1990 por iniciativa de um grupo de amigos.
Fernando Namora é dos escritores portugueses mais conhecido no Brasil. Publicou através das editoras Globo e Nórdica, em Porto Alegre e Rio de Janeiro, respectivamente.
Fernando Namora foi um homem de grande
sensibilidade poética.
Do livro "Mar de Sargaços", o poema:
Intimidade
Que
ninguém hoje me diga nada.
Que ninguém venha abrir a minha mágoa,
esta dor sem nome
que eu desconheço donde vem
e o que me diz.
É mágoa.
Talvez seja um começo de amor.
Talvez, de novo, a dor e a euforia de ter vindo ao
mundo.
Pode ser tudo isso, ou nada disso.
Mas não o afirmo.
As palavras viriam revelar-me tudo.
E eu prefiro esta angústia de não saber de quê.
Que ninguém venha abrir a minha mágoa,
esta dor sem nome
que eu desconheço donde vem
e o que me diz.
É mágoa.
Talvez seja um começo de amor.
Talvez, de novo, a dor e a euforia de ter vindo ao
mundo.
Pode ser tudo isso, ou nada disso.
Mas não o afirmo.
As palavras viriam revelar-me tudo.
E eu prefiro esta angústia de não saber de quê.
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