quinta-feira, 3 de novembro de 2016

O HOLOCAUSTO ALCANÇA A MÚSICA – Música perante o abismo





O HOLOCAUSTO ALCANÇA A MÚSICA
Música perante o abismo


Em 1944, os reclusos do campo de concentração de Theresienstadt dispõem-se a encenar uma ópera, Der Kaiser von Atlantis, escrito por um deles, Viktor Ullmann. Checo de origem judia, Ullmann é um dos artistas que, com outros companheiros, tentam, com as suas obras e as suas actividades, preservar quanto possível a dignidade humana e a identidade pessoal dentro do campo e, ao mesmo tempo, expressar, mediante a arte, a esperança de sobrevivência. 

Todavia, embora a partitura esteja concluída desde 13 de Janeiro e se iniciassem já os ensaios, as autoridades do campo proíbem a representação. Ignoram-se os motivos do veto, mas sem dúvida tiveram muita influência as alusões que na obra se fazem à situação política, ao nazismo, à guerra e à vida dentro de Theresienstadt. 

A 16 de Outubro, Ullmann, e com ele outros compositores considerados «degenerados» pelos nazis, como Hans Krása e Pavel Haas, foram mandados para o campo de extermínio de Auschwitz, onde encontraram a morte. 

A partitura da ópera sobreviveu ao seu criador, mas só em 1989 foi representada em palco.




in “Crónica da Música”

Imagem: cena da ópera Der Kaiser von Atlantis - fotografia de Christian Schneider.


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