domingo, 7 de maio de 2017

ENCONTROS EUROPEUS DE POESIA

 
 
 
 
ENCONTROS EUROPEUS DE POESIA


Um encontro de poetas de catorze diferentes países. Concebe-se? Pois é verdade. Realizou-se na Bélgica, em Knokke-le-Zoute de 7 a 11 de Setembro de 1951. Para ele foram convidados, representando os poetas portugueses, Adolfo Casais Monteiro e Miguel Torga. Não pode, cremos, passar despercebido o significado e importância de tal acontecimento. E não é que compete precisamente à Poesia promover e fortificar um encontro entre os homens?

A ideia inicial foi de Artur Haulot, e nada mais justo do que afirmar que a ele e Flouquet se deve essencialmente a realização desta singular reunião. Contudo, sendo iniciativa particular, as «Rencontres» tiveram o apoio oficial, mas desinteressado. É uma bela lição, que não vejo probabilidades de ser seguida por muitos países. O Governo belga não perguntou aos organizadores das «Rencontres» qual a ideologia de cada poeta convidado: limitou-se a tornar materialmente possível que eles fossem convidados, consciente de que essa era a forma própria de intervir.

Os participantes das «Rencontres» aprovaram ainda uma resolução, cujo texto já foi dado a público entre nós, e que e este:

«Os participantes dos «Encontros Europeus de Poesia», reunidos em Knokke-le-Zoute, de 7 a 11 de Setembro de 1951, e pertencentes a 14 países da Europa,

AFIRMAM a sua vontade de trabalhar pela unidade espiritual da Europa, baseada num idêntico apego à liberdade de pensamento, à liberdade, para o homem, de se ater ao seu próprio juízo, independentemente de qualquer imperativo que lhe seja exterior;

DECLARAM

AFIRMAR a sua fé na poesia como elemento de irradiação espiritual de todos os países;

AFIRMAR a necessidade exclusiva para o poeta de se exprimir sinceramente e de procurar a qualidade na sua obra, de defender a sua própria liberdade e de recusar qualquer espécie de servidão;

E ENTENDEM serem estas condições primordiais para que a poesia de todos os países possa representar o papel que lhe cabe na irradiação da espiritualidade humana.»

 

in “Árvore – Folhas de Poesia” - 1951


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