ENCONTROS EUROPEUS DE POESIA
Um encontro de poetas de catorze diferentes países. Concebe-se? Pois é verdade. Realizou-se na Bélgica, em Knokke-le-Zoute de 7 a 11 de Setembro de 1951. Para ele foram convidados, representando os poetas portugueses, Adolfo Casais Monteiro e Miguel Torga. Não pode, cremos, passar despercebido o significado e importância de tal acontecimento. E não é que compete precisamente à Poesia promover e fortificar um encontro entre os homens?
A ideia inicial foi de
Artur Haulot, e nada mais justo do que afirmar que a ele e Flouquet se deve
essencialmente a realização desta singular reunião. Contudo, sendo iniciativa
particular, as «Rencontres» tiveram o apoio oficial, mas desinteressado. É uma
bela lição, que não vejo probabilidades de ser seguida por muitos países. O
Governo belga não perguntou aos organizadores das «Rencontres» qual a ideologia
de cada poeta convidado: limitou-se a tornar materialmente possível que eles
fossem convidados, consciente de que essa era a forma própria de intervir.
Os participantes das «Rencontres» aprovaram ainda uma resolução, cujo texto já foi dado a público entre nós, e que e este:
Os participantes das «Rencontres» aprovaram ainda uma resolução, cujo texto já foi dado a público entre nós, e que e este:
«Os participantes dos
«Encontros Europeus de Poesia», reunidos em Knokke-le-Zoute, de 7 a 11 de
Setembro de 1951, e pertencentes a 14 países da Europa,
AFIRMAM a sua vontade de
trabalhar pela unidade espiritual da Europa, baseada num idêntico apego à
liberdade de pensamento, à liberdade, para o homem, de se ater ao seu próprio
juízo, independentemente de qualquer imperativo que lhe seja exterior;
DECLARAM
AFIRMAR a sua fé na poesia
como elemento de irradiação espiritual de todos os países;
AFIRMAR a necessidade
exclusiva para o poeta de se exprimir sinceramente e de procurar a qualidade na
sua obra, de defender a sua própria liberdade e de recusar qualquer espécie de
servidão;
E ENTENDEM serem estas
condições primordiais para que a poesia de todos os países possa representar o
papel que lhe cabe na irradiação da espiritualidade humana.»
in “Árvore – Folhas de Poesia” - 1951
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