terça-feira, 31 de outubro de 2017

JOSÉ TERRA – DECISÃO: depois de depois de amanhã irei com o Álvaro de Campos para Glasgow.




JOSÉ TERRA
(Prozelo, Portugal, 1828 – Paris, França, 2014)

Poeta, filólogo, historiador, tradutor e professor catedrático


***

DECISÃO

Depois de amanhã, sim, só depois de amanhã...
ÁLVARO DE CAMPOS

Depois de depois de amanhã irei com o Álvaro de Campos para Glasgow.

A Escócia é uns pais estranho, mas não aquela de que falam os jornais e os professores. Não a da geografia, não essa, que diabo! vocês não podem entender porque só têm olhos perto das mãos.
Vocês só conhecem Glasgow como um porto de mar. Um grande porto. Enfim, com certo movimento, bastante nevoeiro e bastante gente que fala o inglês e lê ao serão o Shakespeare.

Mas não é dessa Glasgow que eu trato. A nossa Escócia não tem longitude ou latitude, não tem gente, ou, se tem, é gente que não chega a ser, isto é, gente que tem qualquer coisa de extravagante, uma perna única, por exemplo, uma cabeça sem crânio, gente que é doida.

O Álvaro de Campos gosta muito de gente que está fora do centro de gravidade. Diz ele que isto de entrar a horas no emprego, de um tipo pôr gravata e ter de pedir licença ao porteiro, de tirar atestados de bom comportamento, - diz ele que tudo isto é muito chato, muito estúpido. E tem razão. Gosto de tipos assim. Que são do avesso. Que dormem de dia e têm a noite para viver. São formidáveis!

Conhecem o que vós jamais conhecereis, funcionários pontuais e certos, burocratas estúpidos, carneiros de gravata, vós que não entendeis por que é que o Álvaro quer que o Tejo corra ao contrário.

É por isso mesmo que eu vou com o Álvaro de Campos para Glasgow. Glasgow é a capital da Escócia. A geografia não diz, mas bolas! eu sou contra a geografia.

Lá é que o Álvaro poderá dormir tranquilamente, livre do Esteves, livre da moça que o espreita da janela. Lá é que talvez o Álvaro se safe da sua neurastenia.

Para longe, para a Escócia, timoneiro de bruma.
Que chatice! Portugal já tem oitocentos anos e está pegado sempre aqui à beira-mar. O Álvaro de Campos - repito - chateia-se com tudo isto.

Diz ele que de duas uma: ou desata à porrada, ou então vai para Glasgow depois de depois de amanhã…

Lisboa, 12/10/52



in “Árvore – Folhas de Poesia” – 1952

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

CATEDRAL DE FLORENÇA - Itália





CATEDRAL DE FLORENÇA

Também conhecida por Santa Maria das Flores, a Catedral de Florença, em Itália, começou a ser construída em 1296 num estilo essencialmente gótico, ornamentado com os característicos painéis de embutidos de mármore da arquitectura românica toscana.
A rivalidade entre os estados ducais levou à construção duma cúpula ambiciosa, elevada a uma altura acima da nave principal que devia exceder a de qualquer igreja da Toscana.
Em 1418, a construção da nave central predeterminara a planta octogonal de pilares de suporte encimados por um tambor elevado. A catedral exemplifica a transição entre o mundo gótico e o novo espírito inquiridor científico e estético.
Na realidade, a obra de Brunelleschi marcou o caminho do Renascimento italiano, reafirmando a Itália como centro dum novo império colonial.


in “Arquitectura” de Neil Stevenson




domingo, 29 de outubro de 2017

JORGE DE LIMA - Essa Negra Fulô




JORGE DE LIMA
(União dos Palmares, Brasil, 1893 — Rio de Janeiro, 1953)

Poeta, romancista, tradutor e pintor

***

ESSA NEGRA FULÔ


Ora, se deu que chegou
(isso já faz muito tempo)
no bangüê dum meu avô
uma negra bonitinha,
chamada negra Fulô.

Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!

Ó Fulô! Ó Fulô!
(Era a fala da Sinhá)
— Vai forrar a minha cama
pentear os meus cabelos,
vem ajudar a tirar
a minha roupa, Fulô!

Essa negra Fulô!

Essa negrinha Fulô!
ficou logo pra mucama
pra vigiar a Sinhá,
pra engomar pro Sinhô!

Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!

Ó Fulô! Ó Fulô!
(Era a fala da Sinhá)
vem me ajudar, ó Fulô,
vem abanar o meu corpo
que eu estou suada, Fulô!
vem coçar minha coceira,
vem me catar cafuné,
vem balançar minha rede,
vem me contar uma história,
que eu estou com sono, Fulô!

Essa negra Fulô!

"Era um dia uma princesa
que vivia num castelo
que possuía um vestido
com os peixinhos do mar.
Entrou na perna dum pato
saiu na perna dum pinto
o Rei-Sinhô me mandou
que vos contasse mais cinco".

Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!

Ó Fulô! Ó Fulô!
Vai botar para dormir
esses meninos, Fulô!
"minha mãe me penteou
minha madrasta me enterrou
pelos figos da figueira
que o Sabiá beliscou".

Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!

Ó Fulô! Ó Fulô!
(Era a fala da Sinhá
Chamando a negra Fulô!)
Cadê meu frasco de cheiro
Que teu Sinhô me mandou?
— Ah! Foi você que roubou!
Ah! Foi você que roubou!

Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!

O Sinhô foi ver a negra
levar couro do feitor.
A negra tirou a roupa,
O Sinhô disse: Fulô!
(A vista se escureceu
que nem a negra Fulô).

Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!

Ó Fulô! Ó Fulô!
Cadê meu lenço de rendas,
Cadê meu cinto, meu broche,
Cadê o meu terço de ouro
que teu Sinhô me mandou?
Ah! foi você que roubou!
Ah! foi você que roubou!

Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!

O Sinhô foi açoitar
sozinho a negra Fulô.
A negra tirou a saia
e tirou o cabeção,
de dentro dêle pulou
nuinha a negra Fulô.

Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!

Ó Fulô! Ó Fulô!
Cadê, cadê teu Sinhô
que Nosso Senhor me mandou?
Ah! Foi você que roubou,
foi você, negra fulô?

Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!




sábado, 28 de outubro de 2017

ÉLUARD, NERUDA, RAFAEL ALBERTI




ÉLUARD, NERUDA, RAFAEL ALBERTI


Éluard, Neruda, Rafael Alberti, embora a sua poesia apresente aspectos não menos relevantes, são superiores poetas da linguagem, pois, antes de mais, eles acreditam no poder criador dela, no seu sublime delírio pelo qual o homem produz os mais puros cristais do seu espírito e da sua alma.

Ultrapassando muitas vezes a poesia de significação, a poesia como instrumento de conhecimento, eles criam pela linguagem um novo céu a que só podem ser sensíveis os que têm o dom da poesia. Até nova ordem mais cabal, essa graça é o privilégio da poesia escrita. Nada pretendendo dizer, nada tendo a transmitir, o poeta entrega-se às maravilhosas possibilidades dum instrumento que lhe devolve um canto que vai responder miraculosamente às exigências mais íntimas da sua alma.

Poucos aceitarão a validade de tais experiências, de que só os mais altos poetas se salvam. Haverá sempre, contudo, quem saiba sentir um verso maravilhoso como «Révérence cachant tous les ciels dans sa grâce», embora só secundariamente lhe interesse a explicação.

Citámos de propósito três dos mais altos poetas do nosso tempo, cuja posição humana é bem conhecida, para que não se receie que os poetas alguma vez submeterão a sua poesia a consígnias alheias à sua personalidade.

Quer elevando-se às altitudes onde a poesia se alimenta apenas dum secreto génio ou duma felicidade puríssima, quer cantando claramente as lutas e as esperanças dos homens, tais poetas são sempre poetas. E é sintomático que três dos maiores do nosso tempo não desdenhem estar ao lado de milhões de homens, a quem as necessidades prementes impedem o acesso à poesia ou a qualquer superior actividade do espírito. Os poetas da afirmação confiam na palavra e nos homens. Ninguém melhor que Éluard exprimiu essa confiança:
«A poesia só se fará carne e sangue a partir do momento em que for recíproca. Os poetas sabem - e eis a razão por que lhes chamam revolucionários - que esta reciprocidade é inteiramente função da igualdade da felicidade material entre os homens. E a igualdade na felicidade levará esta a uma altura que nós mal podemos imaginar. Mas nós sabemos que essa felicidade não é impossível


ANTÓNIO RAMOS ROSA, in “A Árvore” – revista literária (1951).
Imagem: António Ramos Rosa, por Carmo Pólvora, in Fotobiografia do poeta organizada por Ana Paula Coutinho.




sexta-feira, 27 de outubro de 2017

JÚLIO DANTAS - ...Quand on ne s'aime plus




JÚLIO DANTAS
(Lagos, Portugal, 1876 - Lisboa, 1962

Escritor

... QUAND ON NE S'AIME PLUS


Ponto final. Adeus. Tinha previsto o fim.
Quis muito, quis demais... O culpado fui eu.
Se é que pode morrer o que nunca viveu,
Sinto que morreu hoje o teu amor por mim.

Fiz mal em vir? Talvez. Quiseste ver-me: vim.
Que placidez a tua e que sorriso o teu!
Amor que raciocina é amor que morreu.
Pode lá nunca amar quem se domina assim!

Tinha de ser. Adeus. Deixas-me triste e doente.
Depois, qual é o amor que vive eternamente?
Tudo envelhece, e passa, e morre como tu.

Nunca mais me verás. É a vida, afinal.
Dá-me o último beijo e não me queiras mal...
Il faut rompre en pleurant quand on ne s'aime plus.



in “Revista ATLÂNTIDA” - 1915, Lisboa


quinta-feira, 26 de outubro de 2017

JEAN-LUC GODARD - Cineasta



JEAN-LUC GODARD
(Paris, França, 1930)

Cineasta
De nacionalidade franco-suíça, cursou Etnologia na Sorbonne, em Paris, e iniciou a carreira como crítico da revista Cahiers du Cinéma.

Em 1960, dirigiu sua primeira longa-metragem, Acossado, Urso de Prata de Melhor Director em Berlim. Este filme marcou o surgimento da Nouvelle Vague. Entre seus filmes se destacam: O Desprezo (1963), O Demónio das Onze Horas (1965) e Carmen de Godard (1983), vencedor do Leão de Ouro em Veneza.

Após o movimento estudantil de Maio de 1968, Godard criou o grupo de cinema Dziga Vertov assim chamado em homenagem a um cineasta russo de vanguarda — e voltou-se para o cinema político. Pravda (1969) trata da invasão soviética da Tchecoslováquia; Le vent d'Est (1969) e Jusqu'à la victoire (1970) enfatiza a guerrilha palestina. Mais uma vez, Godard procurou inovar a estética cinematográfica com Passion (1982), reflexão sobre a pintura.
Os filmes seguintes, como Prénom: Carmen (1983) e Je vous salue Marie (1984), provocaram polémica e o último deles, irreverente em relação aos valores cristãos, esteve proibido em vários países.

Em 2007, ganhou o Prémio do Cinema Europeu pelo Conjunto da Obra. Recebeu em 2010 um Óscar pelo conjunto da sua obra.


in “Cine France - Serviço Audiovisual da Embaixada da França” (excertos/adaptação).



quarta-feira, 25 de outubro de 2017

OS EUNUCOS





                  OS EUNUCOS

Os eunucos devoram-se a si mesmos
Não mudam de uniforme, são venais
E quando os mais são feitos em torresmos
Defendem os tiranos contra os pais
Em tudo são verdugos mais ou menos
No jardim dos haréns os principais
E quando os pais são feitos em torresmos
Nao matam os tiranos pedem mais
Suportam toda a dor na calmaria
Da olímpica visão dos samurais
Havia um dono a mais na satrapia
Mas foi lançado à cova dos chacais
Em vénias malabares à luz do dia
Lambuzam de saliva os maiorais
E quando os mais são feitos em fatias
Não matam os tiranos pedem mais

JOSÉ AFONSO (Aveiro, Portugal, 1929 - Setúbal, 1987), cantor e compositor.

terça-feira, 24 de outubro de 2017

ALFREDO ROQUE GAMEIRO – Pintor




ALFREDO ROQUE GAMEIRO
(Minde, Portugal, 1864 - Lisboa, 1935)

Pintor e desenhador

É considerado um dos grandes aguarelistas portugueses, tendo também desenvolvido uma intensa actividade como ilustrador.
Segundo Jaime Martins Barata, "tendo uma vista extremamente penetrante — chegou a queixar-se de 'ver demais' —, na verdade ele viu mais com os olhos da alma do que com os olhos do corpo.
As suas paisagens, os seus retratos, e, principalmente as suas marinhas, não são nunca transposições rigorosas da realidade. São transfigurações dum estado de enlevo simples, natural, sem filosofias nem escolas, duma alma 'panteísta e franciscana'."
Uma parte importante da sua obra encontra-se no Museu da Aguarela Roque Gameiro, em Minde, bem como nos museus Nacional de Arte Contemporânea, da Cidade de Lisboa, de Arte Contemporânea de Madrid, de Viseu, José Malhoa e outros; e em múltiplas colecções particulares em Portugal e no estrangeiro.

in “Fundação D. Luís”
Imagem: Alfredo Roque Gameiro, auto-retrato, aguarela.

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

THEATRO MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO




THEATRO MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO

Um dos mais imponentes e belos prédios do Rio de Janeiro, o Theatro Municipal, inaugurado em 14 de Julho de 1909, é considerado a principal casa de espectáculos do Brasil e uma das mais importantes da América do Sul.  Sua história mistura-se com a trajectória da cultura do País. Ao longo de pouco mais de um século de existência, o Theatro tem recebido os maiores artistas internacionais, assim como os principais nomes brasileiros, da dança, da música e da ópera.
O Theatro Municipal do Rio de Janeiro com capacidade para 1.739 espectadores foi inaugurado no dia 14 de Julho de 1909, quatro anos e meio após o início das obras.
No início, o Theatro Municipal do Rio de Janeiro recebia, principalmente, companhias de ópera e dança vindas em sua maioria da Itália e da França. A partir da década de 30, passa a contar com seus próprios corpos artísticos: Orquestra Sinfónica, Coro e Ballet, que permanecem até hoje responsáveis pela realização das temporadas artísticas oficiais.


in” Theatro Municipal do Rio de Janeiro” (excerto e adaptação)


domingo, 22 de outubro de 2017

GOMES LEAL - O conto

 


GOMES LEAL
(Lisboa, Portugal, 1848 - 1921)

Poeta e crítico literário

O CONTO

O CONTO é uma das formas mais belas da literatura. É depois do poema a mais literária, a mais tradicional. Porque a História, elevando-se aos cimos gloriosos e talhados a pique da Filosofia, tem um fim único a utilidade, o ensinamento do Homem pelas grandezas e calamidades do Homem.
O Romance atirando para o meio da rua, à luz do sol ou do gás, toda a roupa suja da vida privada, ao rictus semibárbaro e banal desse cruel selvagem, a quem não tilintam as argolas do nariz, e que se chama o Vulgo, fazendo cócegas para a risada alvar, ou ladainhas tenebrosas para atrair o humor lacrimal, aspirando ao reedificamento da alma pelas misérias da vida, e pelo espectáculo servil do trivial, - faz mesuras ao turíbulo da popularidade.

 
O Conto não. Sendo uma velha forma de popular não tem ambições: e, sendo compreendido na mais alta acepção artística, como foi por Poë e Nathaniel Hawtorne, foge à longa orelha asinina do Vulgo, e ama a impopularidade, como um teólogo um papirus sacerdotal.
Foge às exclamações canalhas, e ao juízo prudhomiano do sr. Respeitável Público, que usa as lunetas d´oiro como um conselheiro.
É pela sua independência, como o poema, que é mais artístico. É especialmente, pela sua despretensão de utilidade, que é mais superior, menos humano.
 
- É como uma agulheta de neve que reflecte todas as glórias, todas as cambiantes do sol. Todas as paixões e todas as cores. O soluço e a facada do escárnio: o pano negro duma essa, e as cores vermelhas e altivas, como a ametista dum anel de um bispo.
O seu mérito é que pode ser filosófico, como a História, tão dramático como o drama, fisiológico como o romance, heróico como o poema, musical como uma ópera, moral como fabliau.
 
Todas as cambiantes lhe são permitidas. Todos os tons, todas as flutuações da Alma. Todas as agonias, todos os ritmos musicais. Todas as glórias, todas as decadências. Todas a belas nudezes, todos os monstros. Todos os seios lácteos de ninfas, todas caudas de dragões, e escamas de peixe. Todos os risos, todas as facadas. Todas as tentações, todas as pompas da carne. Todas as alucinações, todas as nevroses. Todos os charcos, todos os escarros luminosos. Todos os diamantes, todas as chagas.
 
Pode empregar, impunemente, as insolentes metáforas e as extravagantes antíteses; o vermelho dos cactos e as brancuras impecáveis das camélias: todos os efeitos de luz, e todos os prestígios de sombras. Não têm a mesma liberdade o Romance e a História.
 
in “Renascença”- Revista de crítica, literatura, arte e ciência - 1914

 

sábado, 21 de outubro de 2017

MARIA MONTESSORI - Os 19 mandamentos para os pais

 
 
 
MARIA MONTESSORI
(Itália, 1870 - Holanda, 1952)

Educadora, médica e pedagoga

 
Maria Montessori é mundialmente conhecida por ter criado o método Montessori (chamado por ela de Pedagogia Científica) e ter revolucionado a forma como a criança é compreendida e respeitada. Em quase todos os países do mundo há escolas montessorianas e diversas iniciativas educacionais revolucionárias tiveram suas bases nas descobertas de Montessori.

in “Lar Montessori”

***

Palavras de Maria Montessori
“Eu descobri a criança”

 
***
 
OS 19 MANDAMENTOS DE MARIA MONTESSORI PARA OS PAIS:
 
1 - Crianças aprendem com aquilo que está a seu redor.
2 - Se você critica muito uma criança, ela aprenderá a julgar.
3 - Se você elogia uma criança com frequência, ela aprenderá a valorizar.
4 - Se a criança é tratada com hostilidade, ela aprenderá a brigar.
5 - Se você for justo com a criança, ela aprenderá a ser justa.
6 - Se você frequentemente ridicularizar a criança, ela se transformará em uma pessoa tímida.
7 - Se a criança cresce sentindo-se segura, aprenderá a confiar nos outros.
8 - Se você denigre a criança com frequência, ela desenvolverá um sentimento de culpa que não é saudável.
9 - Se as ideias da criança são aceites regularmente, ela aprenderá a se sentir bem consigo mesma.
10 - Se você for condescendente com a criança, ela aprenderá a ser paciente.
11 - Se você elogia o que a criança faz, ela conquistará autoconfiança.
12 - Se a criança vive em uma atmosfera amigável, sentindo-se necessária, aprenderá a encontrar o amor no mundo.
13 - Não fale mal de seu filho ou filha, nem quando ele ou ela estiver por perto, nem se estiver longe.
14 - Concentre-se em desenvolver o lado bom da criança, de maneira que não sobre espaço para o lado mau.
15 - Escute sempre a seu filho e o responda quando ele quiser fazer uma pergunta ou comentário.
16 - Respeite seu filho mesmo que ele tenha cometido um erro. Deixe para corrigi-lo depois.
17 - Esteja disposto a ajudar quando seu filho estiver procurando algo, mas esteja também disposto a passar despercebido se ele já encontrou o que procurava.
18 - Ajude a criança a assimilar o que ela não conseguiu. Faça isso enchendo o espaço que o rodeia com cuidado, discrição, silêncio oportuno e amor.
19 - Quando se dirigir a seu filho, faça isso da melhor maneira possível. Dê a ele o melhor que há em você.
 

 

 

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

VASCO DE LIMA COUTO - Pomba branca, pomba branca

 
 
 
VASCO DE LIMA COUTO
(Porto, Portugal, 1923 – Lisboa, 1980)

 Poeta, actor, declamador e encenador

Gravou poesia em disco e publicou os volumes de poemas Romance, Recado Invisível, Olhar do Silêncio e O Silêncio das Palavras.

 ***
 
POMBA BRANCA, POMBA BRANCA

 
Pomba branca, pomba branca
Já perdi o teu voar
Naquela terra distante
Toda coberta p'lo mar

Fui criança, andei descalço
Porque a terra me aquecia
Eram longos os meus sonhos
Quando a noite adormecia

Vinham barcos dos países
Eu sorria, de os sonhar
Traziam roupas, felizes
As crianças dos países
Nesses barcos a chegar
 
Depois mais tarde ao perder-me
Por ruas de outras cidades
Cantei meu amor ao vento
Porque sentia saudades

Saudades do meu lugar
Do primeiro amor da vida
Desse instante a aproximar
Dos campos, do meu lugar
À chegada e à partida


quinta-feira, 19 de outubro de 2017

OLAVO BILAC - Ruth

 
 
OLAVO BILAC
(Rio de Janeiro, Brasil, 1865 – 1918)

Poeta, jornalista e cronista

RUTH

Pede pouco! Mais tem do que um monarca
O pobre, tendo o pouco que pedia:
E é rico, achando, ao terminar do dia,
Paz no espírito e pão no fundo da arca,

 
Triste, ó alma, a ambição que o mundo abarca!
Perde tudo quem quer a demasia.
Poupa o riso e o prazer! porque a alegria
Tanto é mais doce quanto mais é parca.

 
Feliz, modesto coração, te dizes,
Quando vais, como Ruth, em muda prece,
Em pós dos segadores mais felizes:

 
Feliz é o simples, que, feliz, procura
Uma espiga apanhar da alheia messe,
Um resto miserável da ventura.

 
in “Tarde”


quarta-feira, 18 de outubro de 2017

A BÍBLIA DOS POBRES

 
 
 
 
A BÍBLIA DOS POBRES

 
Esta Biblia Pauperum (Bíblia dos pobres) consiste em uma série de xilogravuras que retratam cenas do Antigo e do Novo Testamento, que são combinadas com pequenos textos explicativos impressos com tipos de metal.
 
Cenas centrais da vida de Cristo são justapostas com duas cenas correspondentes do Antigo Testamento acompanhadas por quatro profetas, dessa forma, dramatizando o cumprimento do Antigo Testamento no Novo.
 
Com suas imagens memoráveis, a obra pode ter servido como um auxílio à instrução de leigos ou membros do baixo clero financeiramente incapazes de adquirir uma Bíblia completa.
 
A primeira edição da Bíblia Pauperum, que combina xilogravuras com texto impresso com tipos móveis, foi produzida em Bamberg na tipografia de Albrecht Pfister (por volta de 1420/1470), um dos primeiros impressores a publicar livros ilustrados com xilogravuras.
 
A integração de imagens em texto impresso era inicialmente uma tarefa muito difícil. A edição da Biblia Pauperum de Pfister combinava texto e ilustração em uma mesma forma de impressão, tornando o processo de impressão mais rápido e fácil. Como consequência, as xilogravuras substituíram os desenhos à tinta em livros ilustrados destinados à edificação religiosa ou para fins práticos. Tais ilustrações eram anteriormente copiadas à mão.

 
in “Biblioteca Digital Mundial”