STÉPHANE
MALLARMÉ
(Paris, França, 1842
- 1898)
Poeta, crítico literário
***
É
um importante nome do simbolismo na poesia francesa.
***
TRISTEZA DE VERÃO
O sol, na
areia, aquece, ó brava adormecida,
O ouro da tua coma em banho langoroso,
Queimando o seu incenso em tua face aguerrida,
E mistura aos teus prantos um filtro amoroso.
O ouro da tua coma em banho langoroso,
Queimando o seu incenso em tua face aguerrida,
E mistura aos teus prantos um filtro amoroso.
Desse
branco fulgor a imóvel calmaria
Te faz dizer, dolente, ó carícias discretas,
“Jamais nós dois seremos uma múmia fria
Sob o antigo deserto e as palmeiras erectas!”
Te faz dizer, dolente, ó carícias discretas,
“Jamais nós dois seremos uma múmia fria
Sob o antigo deserto e as palmeiras erectas!”
Porém os
teus cabelos, rio morno, imploram
Para afogar sem medo a nossa alma triste
E encontrar esse Nada que em teu ser não medra.
Para afogar sem medo a nossa alma triste
E encontrar esse Nada que em teu ser não medra.
Degustarei
o bistre que teus cílios choram
Para ver se ele doa àquele que feriste
A insensibilidade do azul e da pedra.
Para ver se ele doa àquele que feriste
A insensibilidade do azul e da pedra.
Tradução: Augusto de Campos
Sem comentários:
Enviar um comentário