quarta-feira, 7 de agosto de 2013

GIUSEPPE UNGARETTI




          Giuseppe Ungaretti, filho de emigrantes italianos, nasceu em Alexandria, Egipto, em Fevereiro 1888 e viveu até Junho de 1970.
        Lutou na Primeira Grande Guerra Mundial.
        Em 1912 foi para Paris, onde estudou na Sorbonne.
        Publicou a sua primeira poesia, em 1915, na revista “Lacerba”.
         Foi o criador e principal inspirador da poesia hermética italiana.
        Entre 1937 e 1942 viveu no Brasil, onde leccionou italiano na Universidade de S. Paulo.
         Algumas das obras publicadas: “A Guerra”; “Poesia Dispersa”; “Vida de um Homem” e “Razões de Uma Poesia”.
       
"Hino à morte"
 
Amor, meu emblema de jovem,
que volta a dourar a terra,
difuso no dia rupestre,
é a última vez que contemplo
(ao pé deste barranco, de impetuosas
águas, suntuoso, funesto
de antros) o rasto de luz
que, como a lastimosa rolinha
inquieta, meandra no gramado.

Amor, salvação fulgurosa,
pesam-me os anos do porvir.

Largado o bastão fiel,
resvalarei para a água sombria
sem um queixume.

Morte, árido rio...

Imêmore irmã, morte,
igual ao sonho me farás
beijando-me.

Terei teu mesmo passo,
irei sem deixar traço.

Tu me darás o coração indiferente
de um deus, serei inocente,
sem pensamentos, nem cuidados.

Com a mente murada,
com os olhos caídos em esquecimento,
far-me-ei guia da felicidade.
 

Giuseppe Ungaretti, in “The Feeling of Time”

 

 

 

 

 

 

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