Manuela Margarido nasceu na Ilha do Príncipe em 1925, e
viveu até 10 de Março de 2007.
É considerada um dos principais nomes da poesia do
seu País.
Através dos seus poemas divulgou a
repressão e a miséria vividas pelos seus conterrâneos nas roças do cacau e do
café.
Esteve exilada em Paris, onde estudou na Sorbonne.
Foi embaixatriz de São Tomé e Príncipe em Bruxelas.
Em Lisboa, onde viveu, Manuela
Margarido desenvolveu um intenso trabalho na divulgação da cultura do seu País.
Foi
membro do Conselho Consultivo da revista “Atalaia”, e do “Centro
Interdisciplinar de Ciência, Tecnologia e Sociedade da Universidade de Lisboa”.
Memória
da Ilha do Príncipe
Mãe,
tu pegavas charroco
nas águas das ribeiras
a caminho da praia.
Teus cabelos eram lembas-lembas,
agora distantes e saudosas,
mas teu rosto escuro
desce sobre mim.
Teu rosto, liliácea
irrompendo entre o cacau,
perfumando com a sua sombra
o instante em que te descubro
no fundo das bocas graves.
Tua mão cor-de-laranja
oscila no céu de zinco
e fixa a saudade
com uns grandes olhos taciturnos.
(No sonho do Pico as mangas percorrem a órbita lenta
das orações dos ocãs e todas as feiticeiras desertam
a caminho do mal, entre a doçura das palmas).
Na varanda de marapião
os veios da madeira guardam
a marca dos teus pés leves
e lentos e suaves e próximos.
E ambas nos lançamos
nas grandes flores de ébano
que crescem na água cálida
das vozes clarividentes.
nas águas das ribeiras
a caminho da praia.
Teus cabelos eram lembas-lembas,
agora distantes e saudosas,
mas teu rosto escuro
desce sobre mim.
Teu rosto, liliácea
irrompendo entre o cacau,
perfumando com a sua sombra
o instante em que te descubro
no fundo das bocas graves.
Tua mão cor-de-laranja
oscila no céu de zinco
e fixa a saudade
com uns grandes olhos taciturnos.
(No sonho do Pico as mangas percorrem a órbita lenta
das orações dos ocãs e todas as feiticeiras desertam
a caminho do mal, entre a doçura das palmas).
Na varanda de marapião
os veios da madeira guardam
a marca dos teus pés leves
e lentos e suaves e próximos.
E ambas nos lançamos
nas grandes flores de ébano
que crescem na água cálida
das vozes clarividentes.
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