LUZIA MARIA MARTINS
(Lisboa, Portugal, 1927 – 2000).
Dramaturga, encenadora e tradutora
Foi uma das primeiras
mulheres portuguesas do teatro a singrar como encenadora e autora e a ter o seu
mérito reconhecido a nível não só artístico, mas também intelectual e político.
Viveu parte da sua vida em
Londres, onde estudou e contactou com um meio cultural muito diferente do que
então se vivia em Portugal, o que a inspirou a fundar, juntamente com Helena
Félix, o TEL – Teatro Estúdio de Lisboa, em 1964.
Foi uma das figuras da
resistência ao regime do Estado Novo e, através da sua força de vontade, proporcionou
ao público português o contacto com autores e textos centrais da dramaturgia
europeia – Strindberg, John Osborne, Edward Bond, Marguerite Duras – incluindo
no seu repertório autores proibidos pela censura, como foi o caso de Sttau
Monteiro e Maxwell Anderson.
Saiu do país em 1953 com
destino a Londres, com pouco mais que 10 libras no bolso, passando aí a viver
com a sua irmã.
Em Londres seguiu os
impulsos quiméricos da juventude e, numa vontade de conhecer tudo, frequentou
diversos cursos que lhe abriram as portas para as mais diferentes áreas:
encenação de teatro e ballet, cinema, filosofia e luminotecnia.
Foi também em
Londres que contactou com as novas tendências do teatro, como o teatro
narrativo e épico, e conheceu novos autores e encenadores.
Em Londres conheceu também
Helena Félix, que aí frequentava um curso de teatro.
O projecto artístico de
ambas era divulgar em Portugal novos autores, desenvolver um trabalho de actor
com grande contenção de gestos e rigor na elocução, bem como apresentar um
teatro mais vivo e empenhado na intervenção social.
Nos vários textos que
escreveu para os programas dos seus espectáculos, confessou a sua “filiação” no
teatro épico e mencionou Brecht, Piscator e Artaud como encenadores e teóricos
de referência. As suas encenações foram também exercícios de modernidade, com a
integração harmoniosa de outras artes, como o cinema, a dança e a rádio.
Pelo seu trabalho no TEL
foi galardoada com vários prémios
No entanto, apesar dos
prémios, Luzia Maria Martins queixava-se do afastamento do público e do seu
desinteresse por um tipo de teatro menos comercial, por falta de uma cultura
teatral na sociedade portuguesa. E apesar de – juntamente com Helena Félix – se
manter fiel aos seus princípios, o desgaste de uma luta contra a constante
falta de apoios financeiros, a dificuldade em manter um elenco estável ou em
investir na divulgação promocional levou a que os seus espectáculos fossem
perdendo algum vigor.
Quando em 1991 o TEL encerrou definitivamente a sua
actividade e Helena Félix morreu, Luzia Maria Martins decidiu abandonar o
teatro, recusando não só vários trabalhos como encenadora, como deixando
igualmente de assistir a espectáculos.
in “Instituto Camões”
(excertos)
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