sexta-feira, 7 de abril de 2017

OSSIP MANDELSTAM - Epigrama




OSSIP MANDELSTAM
(Varsóvia, Polónia, 1891- Gulag, 1938)

Poeta

Foi um dos maiores poetas russos. A sua obra tornou-se um dos pináculos da literatura russa e o seu trágico destino foi símbolo de toda uma geração. Ele viveu durante 47 anos, travou amizade com Nikolai Gumiliov, Marina Tsvetáeva, Anna Akhmátova, Borís Pasternak, tornou-se inimigo de Estaline e morreu num campo de trânsito estalinista para prisioneiros, sem obituário ou sepultura.

A partir de 1912, o poeta começou a participar no círculo literário dos acmeístas.

Algumas das suas obras: A Pedra, Tristia, O Rumor do Tempo, O Selo Egípcio, Viagem à Arménia.


in "Universidade de Coimbra"  (extracto)


***

EPIGRAMA

Sem sentir o país sob os pés, vivemos,
Nossa fala é contida e sem extremos. 
Mas onde quer que se cochiche apenas 
O montês do Kremlin entrará em cena.
Seus dedos são grossas e gordas larvas 
Mas certas, feito o aço, são suas palavras. 
O bigode é uma risonha barata 
Enquanto o brilho da bota arrebata.

Em meio a uma horda de pescoços finos, 
Negoceia com favores aos cretinos.
Quem assobia, quem mia, quem choraminga,
Ele escolhe, balbucia e deixa à míngua. 
Como ferraduras faz seus decretos,
Vai na virilha, no olho, no esqueleto,
Lembra execução, mas é uma festa
Que alegra seu largo busto de osseta.

Novembro, 1933

Tradução: Paulo Ferraz


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