FANTASMAS DOS VIVOS E DOS MORTOS
MAURICE MAETERLINCK:
“Sabe-se que existe, sobre os fantasmas dos vivos e dos mortos,
toda uma literatura originada por numerosos e escrupulosos inquéritos levados a
cabo em Inglaterra, em França, na Bélgica, na Suíça e nos Estados Unidos, pelos
cuidados da “Society for Phsychical Research”. Em presença das provas
acumuladas, seria ridículo obstinar-se a negar a realidade dos factos. É também
incontestável que uma emoção violenta ou profunda pode ser transmitida
instantaneamente de um espírito para o outro, qualquer que seja a distância que
separa o que a experimenta daquele a quem a comunica.”
FREDERIC MEYERS regista,
em “Human Personality”:
“De resto, embora menos frequentemente, um perigo ou uma crise,
graves, podem originar e enviar a distância um aviso, geralmente sob a forma de
uma alucinação visual, mais raramente como alucinação auditiva.”
É o que a “Society for Phsychical Research” chama “Fantasmas dos
vivos.” Quando a alucinação se verifica mais ou menos tempo depois da morte
daquele que parece evocar é classificada entre os “Fantasmas dos mortos.” De
facto, a emoção mais violenta que pode ser sentida pelo homem, aquela que o
oprime e o transtorna, é a aproximação da morte. Todavia, acrescenta Meyers,
“os fantasmas dos mortos são mais raros”. Se fosse possível traçar uma curva
indicando o número relativo das aparições antes e depois da morte, ver-se-ia
que esse número aumenta rapidamente durante as horas que precedem a morte, para
diminuir pouco a pouco no decurso das horas e dos dias que passam depois dela.”
Notas:
– MAURICE MAETERLINCK foi dramaturgo, poeta e ensaísta belga de
língua francesa, Prémio Nobel de Literatura em 1911. Os principais temas da sua
obra são a morte e o sentido da vida e é uma referência importante do movimento
simbolista.
– FREDERIC MYERS foi intelectual, poeta, ensaísta, filólogo
britânico e um dos fundadores da “Sociedade de Pesquisas Psíquicas”. Foi um dos
precursores na pesquisa de fenómenos paranormais no final do século XIX.
GUY MARAIS, in “História do Ocultismo”
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