quarta-feira, 9 de outubro de 2019

AFONSO LOPES VIEIRA - O Pucarinho



                           AFONSO LOPES VIEIRA
(Leiria, Portugal, 1878 - Lisboa, 1946)
Poeta

***
O PUCARINHO

O pucarinho de barro,
O pucarinho,
Tem bochechas encarnadas,
Tem as faces afogueadas;
Dêem-lhe água, coitadinho,
Que tem sede, o pucarinho!

O pucarinho de barro,
O pucarinho,
´Stá ao pé da sua mãe,
Sua mãe, bilha bojuda,
Que tem como ele também
A carinha bochechuda!

O pucarinho de barro,
O pucarinho,
Se a água dentro lhe cai,
Põe-se baixinho chiando;
Parece que diz: - Ai, ai,
Já a sede vai passando!

Se se vai pelo caminho,
Ao Sol ardente,
Tem-se uma grande alegria,
Se dão de beber à gente
Uma pouca de água fria
Que é dada num pucarinho!





2 comentários:

  1. Este poema fazia pare do meu livro de leitura creio que dá 1a classe. Lembro-me da minha Mãe me sentar ao colo e de o ler em voz alta. Ainda hoje, 73 anos passados, o sei de cor.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Quantas vezes, criança, declamei este poema? Sabia-o de cor, letra por letra. Revisito-o agora, volvidos mais de 70 anos. Há imagens que ficam, encantamentos que persistem. E disso se faz a nossa língua...!

      Eliminar

MALMEQUER

MALMEQUER Português, ó malmequer Em que terra foste semeado? Português, ó malmequer Cada vez andas mais desfolhado Ma...