AUGUSTO DE CAMPOS
(São Paulo, Brasil, 1931)
Poeta
***
DIÁLOGO A DOIS
A
Angústia, Augusto, esse leão de areia
Que se abebera em tuas mãos de tuas mãos
E que desdenha a fronte que lhe ofertas
Que se abebera em tuas mãos de tuas mãos
E que desdenha a fronte que lhe ofertas
(Em tuas mãos de tuas mãos por tuas mãos)
E há-de chegar paciente ao nervo dos teus olhos,
É o morto que se fecha em tua pele?
O Expulso do teu corpo no teu corpo?
A pedra que se rompe dos teus pulsos?
A Areia apenas mais o vento?
E há-de chegar paciente ao nervo dos teus olhos,
É o morto que se fecha em tua pele?
O Expulso do teu corpo no teu corpo?
A pedra que se rompe dos teus pulsos?
A Areia apenas mais o vento?
A Angústia, Pignatari, Oleiro de Ouro,
Esse leão de areia digo este leão
(Ah! O longo olhar sereno em que nos empenhamos,
Que é como se eu me estrangulasse com os olhos)
De sangue:
Eu mesmo, além do espelho.
Esse leão de areia digo este leão
(Ah! O longo olhar sereno em que nos empenhamos,
Que é como se eu me estrangulasse com os olhos)
De sangue:
Eu mesmo, além do espelho.
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