BEATRIZ COSTA
(Charneca do Milharado, Portugal, 1907
- Lisboa, 1996)
Actriz
de teatro e cinema
***
Perto
do Teatro da Trindade, em Lisboa, fica o célebre café ‘A Brasileira’ do Chiado.
Nessa
altura, uma senhora não frequentava lugares em que os homens permanecessem…
***
(continuação)
A
BRASILEIRA DO CHIADO DOS ANOS 30!
Augusto
Pinto, jornalista, um dos homens mais elegantes e bem educados que «dormem de
pantufas no meu coração». Nunca compreendi a razão que levou esse ilustre
jornalista, que tanto dignificou a sua classe, a exilar-se em Berna. Tudo
quanto ele escrevia era um primor de linguagem, estilo e sabedoria. Não fazia
crítica de teatro, mas não perdia a oportunidade de me dirigir palavras de
estímulo. Os casamentos de Santo António foram ideia sua!
Matos
Sequeira. Conhecia Lisboa como eu conhecia as minhas preferências. Crítico
teatral dos melhores. Grande poeta, teatrólogo. Uma das brilhantes culturas que
ajudaram a gastar as pedras das mesas d´A Brasileira do Chiado. Mestre em
vários assuntos da minha paixão. Foi o meu orientador em arqueologia. Era
arqueólogo e ganhei muitas horas a seu lado falando do Vale dos Reis e duma
civilização por onde andei mais tarde. Durante quase um ano carreguei pedras,
frascos com areia do deserto e fragmentos de terracota colorida encontrados na
antiga Babilónia. Só lamento não me ter sido possível carregar comigo uma
daquelas pedras do Museu de Beirute, no Líbano, em que os Fenícios gravaram as
letras do alfabeto, há milénios.
Carlos
Queirós, jovem poeta de muitos quilates. Talento maiúsculo. Viveu pouco, mas
«gostou muito» …Paris foi a sua última paisagem. Morreu lá. Gostei dele como de
um irmão bom.
Álvaro
de Andrade, um dos mais brilhantes jornalistas do meu país, entrava n´A
Brasileira, tomava café e «capinava».
(continua)
in
“Sem Papas na Língua” – Memórias - 1974
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