CAMILO PESSANHA
(Coimbra, Portugal, 1867 — Macau, 1926)
Poeta
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Pelo
poder encantatório das suas palavras plenas de musicalidade e ricas de imagens
que captam sugestivamente a natureza ilusória da realidade que no seu fluir nos
incita à mais íntima adesão, é o representante mais genuíno do simbolismo e um
dos vultos mais significativos da poesia portuguesa.
in “Grande Livro dos
Portugueses”
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CANÇÃO DA PARTIDA
Ao
meu coração um peso de ferro
Eu
hei-de prender na volta do mar.
Ao
meu coração um peso de ferro...
Lançá-lo ao mar.
Quem
vai embarcar, que vai degredado,
As
penas do amor não queira levar...
Marujos,
erguei o cofre pesado,
Lançai-o ao mar.
E
hei-de mercar um fecho de prata.
O
meu coração é o cofre selado.
A
sete chaves: tem dentro uma carta...
…
A última, de antes do teu noivado.
A
sete chaves … a carta encantada!
E
um lenço bordado... Esse hei-de o levar,
Que
é para o molhar na água salgada
No
dia em que enfim deixar de chorar.
Lindo
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