CARLOS CONDE
(Murtosa, Aveiro, Portugal, 1901 – Lisboa, 1981)
Poeta
***
De
Carlos Conde diríamos que foi um aguarelista em verso. Neles pintou os bairros
mais típicos da cidade de Lisboa – não só na sua época, mas também na dos
alvores do Fado – e a alma dos seus habitantes.
Dominou como poucos as letras
descritivas, com um poder de evocação quase cinematográfico, carregando de cor
os cenários e trazendo à vida nomes de antigos fadistas, boleeiros, campinos,
faias, ou outros poetas seus contemporâneos que assim homenageou.
Tinha
a noção de que o Fado era eminentemente popular e, como tal, a sua linguagem
tinha de ser simples, coloquial, entendida pela gente humilde e pouco letrada,
mas nem por isso destituída de sensibilidade, a qual sabia tocar como poucos.
in
“Poetas Populares do Fado Tradicional” – Daniel Gouveia e Francisco Mendes.
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FLORES DE LISBOA
Sempre
a rir, sempre a cantar
Esta
Lisboa bonita
Beija
quem a sabe amar
E
abraça quem a visita
Lisboa
não se afadiga
De
cantar a vida inteira
Tem
p´ra tudo uma cantiga
A
cidade cantadeira
A
quem visita
Esta
Lisboa
Terra
que o mundo prende em fortes laços
Os
nossos beijos
Com
os desejos
A
que voltem de novo a nossos braços
O
meu país
P´ra
ver feliz
Quem
nos rende amizade fraternal
Concede
flores
De
vivas cores
Colhidas
nos jardins de Portugal!
Lisboa
deita-se tarde
E
tão bem o fado entoa
Que
nunca falte quem guarde
Uma
nesga de Lisboa!
Canta
e sente um bem profundo
Pois
é feliz e contente
A cantar
p´ra todo o mundo
E a
sorrir para toda a gente.
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