sexta-feira, 20 de setembro de 2013

A POESIA E A PAZ – (I)

 
 
 
                         
                       A Paz
 
 
 
E a Vida foi, e é assim, e não melhora.
Esforço inútil, crê! Tudo é ilusão...
Quantos não cismam nisso mesmo a esta hora
Com uma taça, ou um punhal na mão!
 
Mas a Arte, o Lar, um filho, António? Embora!
Quimeras, sonhos, bolas de sabão.
E a tortura do além e quem lá mora!
Isso é, talvez, minha única aflicção...
 
Toda a dor pode suportar-se, toda!
Mesmo a da noiva morta em plena boda,
Que por mortalha leva... essa que traz...
 
Mas uma não: é a dor do pensamento!
Ai quem me dera entrar nesse convento
Que há além da Morte e que se chama A Paz!
 
António Nobre, in “Só”.
 

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