Raul
de Carvalho nasceu no Alvito, Baixo Alentejo, no dia 4 de Setembro de 1920, e
viveu até 3 de Setembro de 1984.
Poeta com ligação ao neo-realismo, foi
colaborador das revistas “Cadernos de Poesia” e “Távola Redonda”.
Publicou diversos livros de poesia: “As
Sombras e as Vozes”; “Poesia”; “Mesa de Solidão”; “Parágrafos”; “Tautologias”;
“Poema Inactuais”.
Em 1993, foi editado, postumamente, o
livro: “Obras de Raúl de Carvalho”.
Em 1956, recebeu o “Prémio Simón
Bolívar”, em Itália.
Deito
fora as imagens.
Sem
ti, para que me servem
as imagens?
Preciso habituar-me
a
substituir-te
pelo
vento,
que
está em qualquer parte
e
cuja direcção
é
igualmente passageira
e
verídica.
Preciso
habituar-me ao eco dos teus passos
Numa
casa deserta,
ao
trémulo vigor de todos os teus gestos
invisíveis,
à
canção que tu cantas e que mais ninguém ouve
a
não ser eu.
Serei
feliz sem as imagens
As
imagens não dão
Felicidade a ninguém.
Era
mais difícil perder-te,
e, no entanto, perdi-te.
Era
mais difícil inventar-te,
e
eu te inventei.
Posso
passar sem as imagens
assim
como posso
passar sem ti.
E
hei-de ser feliz ainda que
isso não seja ser feliz.
Raúl de Carvalho, in “Obras de Raul de Carvalho”
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