Osip Mandelstam nasceu em Varsóvia, Polónia, no dia 15 de Janeiro de 1891, e viveu até
27 de Dezembro de 1938.
É
considerado um dos maiores poetas russos do século XX.
Publicou os seus primeiros
poemas na revista “Apollon”, à qual estavam ligados Sergei Godoretsky e Nicolai Gumilov, fundadores do Movimento Literário
Acmeísta. Mandelstam e a poetisa Anna Akhmatova, integraram este Movimento.
Em 1908 viajou para a Alemanha onde estudou literatura
francesa antiga, na Universidade de Heidelberg.
Em 1913 publicou o seu primeiro livro
intitulado “Pedra”.
Escreveu cerca de 600 poemas, além de traduções poéticas, artigos de
crítica literária e diversos ensaios.
Foi
preso após escrever, em 1934, um poema anti-estalinista
chamado “Epigrama de Stalin”.
Esteve exilado em Cherdyn e
condenado a trabalhos forçados no Gulag, o lamentavelmente célebre campo de
concentração Estalinista.
Foi
membro da “Aliança dos Poetas”.
Foi erigida, em sua homenagem, uma estátua em Voronezh,
na Rússia.
A
Era
Minha era, minha
fera, quem ousa,
Olhando nos teus olhos, com sangue,
Colar a coluna de tuas vértebras?
Com cimento de sangue — dois séculos —
Que jorra da garganta das coisas?
Treme o parasita, espinha langue,
Filipenso ao umbral de horas novas.
Olhando nos teus olhos, com sangue,
Colar a coluna de tuas vértebras?
Com cimento de sangue — dois séculos —
Que jorra da garganta das coisas?
Treme o parasita, espinha langue,
Filipenso ao umbral de horas novas.
Todo ser enquanto a
vida avança
Deve suportar esta cadeia
Oculta de vértebras. Em torno
Jubila uma onda. E a vida como
Frágil cartilagem de criança
Parte seu ápex: morte da ovelha,
A idade da terra em sua infância.
Deve suportar esta cadeia
Oculta de vértebras. Em torno
Jubila uma onda. E a vida como
Frágil cartilagem de criança
Parte seu ápex: morte da ovelha,
A idade da terra em sua infância.
Junta as partes
nodosas dos dias:
Soa a flauta, e o mundo está liberto,
Soa a flauta, e a vida se recria.
Angústia! A onda do tempo oscila
Batida pelo vento do século.
E a víbora na relva respira
O outro da idade, áurea medida.
Soa a flauta, e o mundo está liberto,
Soa a flauta, e a vida se recria.
Angústia! A onda do tempo oscila
Batida pelo vento do século.
E a víbora na relva respira
O outro da idade, áurea medida.
Vergônteas de nova
primavera!
Mas a espinha partiu-se da fera,
Bela era lastimável. Era,
Ex-pantera flexível, que volve
Para trás, riso absurdo, e descobre
Dura e dócil, na meada dos rastros,
As pegadas de seus próprios passos.
Mas a espinha partiu-se da fera,
Bela era lastimável. Era,
Ex-pantera flexível, que volve
Para trás, riso absurdo, e descobre
Dura e dócil, na meada dos rastros,
As pegadas de seus próprios passos.
Osip Mandelstam, in “Poesia Russa Moderna”. Tradução de Augusto e Haroldo
de Campos, publicado na Revista Bula - Literatura e Jornalismo Cultural.
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