Fado da Severa
Chorai, fadistas, chorai,
Que uma fadista morreu.
Hoje mesmo faz um ano
Que a Severa faleceu.
Que a Severa já morreu.
E como ela
Nunca no Mundo apareceu.
Um duro golpe sofreu
Quando lhe foram dizer
Tua Severa morreu.
O seu corpo ainda vê:
“Adeus, ó minha Severa,
Boa sorte Deus te dê.”
Com tua banza na mão,
Farás dos anjos fadistas
Porás tudo em confusão.”
Até o próprio S. Pedro
Às portas do céu sentado
Ao ver entrar a Severa
Bateu e cantou o fado.
Um sinal de negro fumo,
Que diga por toda a parte
O fado perdeu seu rumo.
Das fadistas a rainha.
Com ela perdeu o fado
O gosto que o fado tinha.
Chorai, fadistas, chorai,
Que a Severa se finou.
O gosto que o fado tinha
Tudo com ela acabou.
Nota: Este fado está incluído no “Cancioneiro Popular” de 1867, no qual estão coligidos, por Teófilo Braga, fados, canções de rua, orações, profecias, etc. É atribuída a Sousa do Casacão, a autoria do “Fado da Severa”.
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