quinta-feira, 31 de outubro de 2013

JOÃO DE DEUS

 

João de Deus nasceu em S. Bartolomeu de Messines, no dia 8 de Março de 1830. Viveu até 11 de Janeiro de 1896.

 
Estudou no Seminário em Coimbra, donde saiu para ingressar na Universidade da mesma cidade.

 
Foi poeta, advogado, jornalista e um distinto pedagogo.

 
A sua obra poética está incluída na Colectânea “Campos de Flores”.

 
Em 1876, publicou a “Cartilha Maternal”, que se destinava a servir de base para o ensino da leitura às crianças. Durante mais de cinquenta anos foi usada nas escolas portuguesas.

 
Um grupo de amigos de João de Deus lançou a “Associação das Escolas Móveis pelo Método de João de Deus”. Tempos depois, estas escolas evoluíram para Jardins Escolas e Escolas fixas.

 
João de Deus foi alvo de várias homenagens.

 
Mas, a homenagem mais sentida, foi organizada por iniciativa dos estudantes de Coimbra. O “Poeta do Amor”, como era conhecido, agradeceu essa manifestação de apreço, declamando de improviso:
 

Estas honras e este culto
Bem se podiam prestar
A homens de grande vulto.
Mas a mim, poeta inculto,
Espontâneo, popular...
É deveras singular!
 
 
João de Deus, impulsionado por amigos, teve uma breve passagem pela política. Apresentou-se às eleições gerais de 22 de Março de 1868, como candidato independente pelo círculo de Silves. Saiu vitorioso e iniciou a sua actividade parlamentar.
 
O seu desapreço pelo Parlamento ficou registado pelas seguintes declarações publicadas no jornal “Correio da Noite”:
 
- "Que diacho querem vocês que eu faça no Parlamento? Cantar? Recitar versos? Deve ser (…) gaiola que talvez sirva para dormir lá dentro a ouvir música dos outros pássaros. Dormirei com certeza!"
 
                           
                                Primeiro Amor
 
 
Ó Mãe... de minha mãe!
Explica-me o segredo
que eu mesmo a Deus sem medo
não ia confessar:
Aquele seu olhar
persegue-me, e receio,
pressinto no meu seio
ergue-se-me outro altar!

Eu em o vendo aspiro
um ar mais puro, e tremo...
Não sei que abismo temo
ou que inefável bem...
Oh! E como eu suspiro
em êxtase o seu nome!...
Que enigma me consome,
ó Mãe de minha mãe!
 
 
João de Deus, in “Campo de Flores”

 
 
 
 
 

 


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