O MUNDO PARECE DE ALGODÃO
O comboio caminha lentamente,
Cortando com suavidade as linhas de lã.
O mar surge.
Parece um manto de brilhantes
que toca com a sua luz no céu tricolor.
As vozes fluem pela carruagem,
mas o meu corpo dança apenas ao ritmo
do novelo que vou acariciando.
O mundo parece de algodão.
Tudo flutua na suavidade de um ruído quase mudo,
em que as figuras balançam,
imóveis,
no espaço de um lugar perdido.
São vidas de contos de embalar,
em que as pestanas perdem a força
e adormecem sobre um rosto que não se expressou.
O mundo parece de algodão.
Um algodão que beija a inércia de um tempo de batalha.
Poema de Carolina Taveira
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