segunda-feira, 31 de agosto de 2015

PAUL CÉZANNE - Pintor

 
 
 
 
 
 
 

Paul Cézanne (Aix-en-Provence, França, (1839-1906).

Foi pintor pós-impressionista, considerado um dos percursores da arte moderna.

Cézanne praticou a pintura ao ar livre, a representação de naturezas mortas e retratos. Em 1869 pintou um auto-retrato.

Era muito versátil e dedicou-se a retractar a forma e a estrutura e não apenas a luz e cor.

Estimulou os artistas a pesquisar o cilindro, a esfera e o cone na natureza. Esta abordagem abriu caminho ao Fauvismo e ao Cubismo.

Participou na primeira exposição Impressionista em 1873.

Alguns dos quadros mais famosos: O Monte de Sainte-Victoire; Os Jogadores de Cartas; Maçãs e Laranjas; As Banhistas; Mulher Nua num Sofá; A Casa do Enforcado.

 
Palavras de Paul Cézanne:

 Como pintor, torno-me mais lúcido quando confrontado com a Natureza.”

 

 
 
 
 
 

 

 

domingo, 30 de agosto de 2015

ALVES COELHO FILHO - Cartas de Amor

 
 
 
 
 
 

Alves Coelho Filho foi maestro e compositor português da década de 1940.

 
 
        Cartas de Amor

 
Como jurei,
Com verdade o amor que senti
Quantas noites em claro passei
A escrever para ti
Cartas banais
Que eram toda a razão do meu ser
Cartas grandes, extensas, iguais
Ao meu grande sofrer

 
Cartas de amor
Quem as não tem
Cartas de amor
Pedaços de dor
Sentidas de alguém
Cartas de amor, andorinhas
Que num vai e vem, levam bem
Saudades minhas
Cartas de amor, quem as não tem

 
Porém de ti
Nem sequer uma carta de amor
Uma carta vulgar recebi
Pra acalmar minha dor
Mas mesmo assim
Eu para ti não deixei de escrever
Pois bem sabes que tu para mim
És todo o meu viver

 
 
Alves Coelho Filho

 

Esta canção foi um sucesso discográfico e radiofónico do cançonetista português Tony de Matos. Francisco José, outro grande cançonetista, também gravou esta canção.

 
Imagem: pintura de Bruno Netto (Lisboa, Portugal).

 

 

sábado, 29 de agosto de 2015

ABADE DE JAZENTE - Amor é um arder que não se sente

 
 
 
 
 

Abade de Jazente (Amarante, Portugal, 1719 – 1789).

 Foi poeta, sobretudo sonetista, que usou o sarcasmo para criticar a sociedade da época em que viveu.
 Em 1752, foi nomeado abade da freguesia de Jazente, onde viveu 30 anos e donde lhe veio o nome de Abade de Jazente.
Escreveu textos de conteúdo moral, depoimentos históricos e poesias onde se canta o amor epicurista e horaciano.
 
 
Réplica ao soneto de Camões “Amor é fogo que arde sem se ver ”:
 
 
Amor é um arder que não se sente

Amor é um arder que não se sente,
É ferida que dói e não tem cura,
É febre que no peito faz secura,
É mal que as forças tira de repente.


É fogo que consome ocultamente,
É dor que mortifica a criatura,
É ansia a mais cruel, a mais impura,
É frágoa que devora o fogo ardente.


É um triste penar entre lamentos,
É um não acabar sempre penando,
É um andar metido em mil tormentos.


É suspiros lançar de quando em quando,
É quem me causa eternos sentimentos,
É que me mata e vida me está dando.

 

Abade de Jazente
Imagem: pintura de Barbara Hepwortth (Reino Unido, 1903 – 1975).

 

 

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

ENRICO CARUSO – Tenor italiano

 
 
 
 
 

Enrico Caruso (Nápoles, Itália, 1873-1921).

Tenor, aclamado em todo o mundo, dotado de uma voz poderosa e pura, interpretava os seus papéis com enorme talento dramático.

Estreou-se, em 1895, como cantor de ópera, no “Teatro Nuovo”, em Nápoles.

Trabalhou durante 17 anos no “Metropolitan Opera House”, em Nova Iorque.

Foi o precursor na utilização da nova tecnologia de gravação de som, em discos de cera.

O seu vasto repertório, principalmente de obras italianas, está preservado em 250 gravações, que inclui 60 papéis de ópera e 500 canções.

Com a gravação de "Vesti la Giubba” da ópera “Pagliacci” (Palhaços) de Ruggero Leoncavallo, Caruso vendeu mais de um milhão de discos.

No dia 24 de Dezembro de 1920, retirou-se da vida artística.

A sua vida foi tema para o filme “O Grande Caruso”, interpretado pelo cantor lírico Mário Lanza.

A sua última esposa, Dorothy Caruso, escreveu o livro Enrico Caruso – Sua Vida e Sua Morte.

 
 
Caruso, tal como outros grandes artistas, exigia privilégios na assinatura dos seus contratos.
É interessante ler esta notícia publicada em Março de 1911, na “Pall Mall Gazette”:

 

 
“O senhor Caruso assinou um contrato com a Ópera Imperial de Viena.
O célebre cantor receberá a quantia de 15.000 coroas, ou sejam 18.000 francos por noite, para fazer três representações.
Os termos do contrato não são vulgares. O célebre cantor impôs condições que até agora ainda nenhum dos seus colegas obteve.
Apesar do regulamento formal que proíbe severamente que se fume no teatro, o senhor Caruso exigiu o direito de poder fumar quantos cigarros lhe apetecerem até subir o pano.
Para tranquilizar o público sobre os perigos que tal privilégio possam resultar, um bombeiro estará sempre junto do tenor, nunca o perderá de vista e deitará num recipiente cheio de água todas as pontas de cigarros que o senhor Caruso fumar.
 
O tenor também exigiu, que o seu médico, o seu advogado, o seu secretário, o seu empresário e o seu intérprete tenham o direito de acompanhá-lo do seu camarim até ao palco e vice-versa.”
 
 
 
 
 
 
 

 

 

 
 

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

WALT WHITMAN - Nenhum animal é insatisfeito

 
 
 
 
 

Walt Whitman (Nova Iorque, EUA, 1819 – Nova Jérsia, 1892).

É um dos mais importantes poetas do século XX da América.

 

Palavras de Walt Whitman:

“Quanto a mim, o melhor governo é o que deixa as pessoas mais tempo em paz.”

 

 Nenhum animal é insatisfeito

 

Eu penso que poderia retornar e viver com animais, tão plácidos e autocontidos; eu paro e ponho-me a observá- los longamente.

Eles não se exaurem e gemem sobre a sua condição; eles não se deitam despertos no escuro e choram pelos seus pecados; eles não me deixam nauseado discutindo o seu dever perante Deus.

Nenhum deles é insatisfeito, nenhum enlouquecido pela mania de possuir coisas; nenhum se ajoelha para o outro, nem para os que viveram há milhares de anos; nenhum deles é respeitável ou infeliz em todo o mundo.

 

 
Walt Whitman, in "Song of Myself"

Imagem: pintura de Colin Rose (Inglaterra, 1945).

 

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

FIÓDOR DOSTOIEVSKI - A Verdade está à frente do nosso nariz

 
 
 
 
 

Fiódor Dostoievski (Moscovo, Rússia, 1821 – São Petersburgo, Rússia, 1881).

Os seus romances descrevem a alma humana e os conflitos pessoais íntimos, utilizando temas ligados ao suicídio, à loucura e à humilhação.

É um dos escritores mais importantes da humanidade.

 
 
Palavras de Fiódor Dostoievski:

“Compara-se muitas vezes a crueldade do homem à das feras, mas isso é injuriar estas últimas.”

 

 
A Verdade está à frente do nosso nariz

 
Nós já esquecemos completamente o axioma de que a verdade é a coisa mais poética no mundo, especialmente no seu estado puro. Mais do que isso: é ainda mais fantástica que aquilo que a mente humana é capaz de fabricar ou conceber...

De facto, os homens conseguiram finalmente ser bem-sucedidos em converter tudo o que a mente humana é capaz de mentir e acreditar em algo mais compreensível que a verdade, e é isso que prevalece por todo o mundo.

Durante séculos a verdade irá continuar à frente do nariz das pessoas mas estas não a tomarão: irão persegui-la através da fabricação, precisamente porque procuram algo fantástico e utópico.

 

 
Fiódor Dostoievski, in “Diário de um Escritor”
Imagem: pintura de Evelyn Williams (Inglaterra, 1929 – 2012).

 

 

terça-feira, 25 de agosto de 2015

CANCIONEIRO POPULAR - O Mar

 
 
 
 
 


 O Mar
 
Atirei ao verde verde
Atirei ao verde mar,
Atirei com meus sentidos
Onde pudera chegar.
 
Atirei e não matei.
Oh mal empregado tiro!
Oh mal empregado tempo
Que eu andei d´amores contigo.
 
O mar pediu a Deus peixes
Os peixes a Deus altura;
Os homens a liberdade,
As mulheres a formosura.
 
O mar pediu a Deus peixes
Para dar aos pescadores;
E eu peço a Deus saúde,
Para logra meus amores.
 
Oh menina tenha assento
Coma as areias do mar;
Que estes rapazes de agora
De nada se vão gabar.
 
Já passei o mar a nado
Nas ondas do teu cabelo…
Agora posso dizer
Que passei o mar sem medo.
 
Oh meu amor não embarques,
Olha o mar que não tem fundo;
Olha o mar é como os homens, 
Que enganam a todo o mundo.
 
O meu amor foi-se, foi-se,
Sem se despedir de mim;
Do mar se lhe façam rosas,
Do navio um jardim,
Das velas uma açucena
Para se lembrar de mim.
 

Teófilo Braga – Cancioneiro Popular
Imagem: pintura de Amadeu Souza Cardoso (Amarante, Portugal, 1887 – Espinho, Portugal, 1918).

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

ABEL BOTELHO – Amanhã

 
 
 
 
 
 

Abel Botelho (Tabuaço, Portugal, 1854 – Buenos Aires, Argentina, 1917).

Considerado um dos maiores nomes do Naturalismo português, ele próprio e a sua obra foram relegados ao esquecimento.

O grotesco é um registo estético dominante na ficção do escritor.

Pertenceu, desde 1881, ao Grupo do Leão, associação de pintores e artistas exteriores à Academia de Belas Artes de Lisboa, que partilhavam entre si uma enorme irreverência contra os poderes constituídos.

 

Excerto do romance  Amanhã:

 

 (…) Neste momento, rasgou áspero o ar o silvo estridente do tramway, que perto passava, na linha de cintura. Tão perto, que demorado reboou pelo recinto o seu estalido tremulante, o som ferralhado e cheio do seu rápido rodar. – E no mesmo instante o Matheus, como iluminado d’uma ideia súbita, erguendo de ímpeto a cabeça e deslaçando os braços:

     – Ah! ai têm vocês… Ouvem? Passou agora o tramway, uma das mais prodigiosas e fecundas aplicações da inventiva humana.

– Os caminhos-de-ferro rasgaram, galgaram as entranhas da terra por toda a parte; como uma teia de aranha colossal, a sua rede de aço liga e abarca o mundo. De continente para continente, de país para país, o sistema ferroviário forma actualmente a mais sábia e bem ordenada engrenagem, com uma correspondência perfeita de horários, analogias de material e as convenientes especializações de serviços.

Pois essa vastíssima organização, típica como modelo, de um rigor e de uma harmonia tão perfeita apesar da sua extensão imensa, do seu domínio internacional, funciona e exerce-se, – vêde bem!

– Sobranceira e independente às chamadas fórmulas políticas; não obedece a nenhum poder central; não tem parlamentos, nem reis, nem padres, nem fidalgos, nem guarda municipal.

Governa-se por si… individualmente nas questões regionais, colectivamente nos assuntos de universal interesse. E assim tudo vai perfeitamente! Não obstante faltar-lhe a consagrada tutelação do antigo, semelhante organismo mantem-se, regula e progride dum modo admirável. É espontâneo e é útil. O seu mecanismo é completo, porque a sua solidariedade é perfeita!

 

Abel Botelho

Imagem: pintura de artista desconhecido.

 

 
 

domingo, 23 de agosto de 2015

O ANTÓNIO MARIA – Semanário Humorístico

 
 
 
 
 
 

O António Maria, semanário ilustrado de humor político, fundado por Rafael Bordalo Pinheiro, em 1879, durou até 1885.

Teve, primeiro, a colaboração de Guilherme de Azevedo, e, mais tarde, a de Ramalho Ortigão.

 
Notícia publicada no dia 7 de Agosto de 1879:

 
Alguns deputados regeneradores têm recebido cartas anónimas ameaçando-os com a morte, se por ventura se apresentarem candidatos nas próximas eleições.

Para satisfazer a curiosidade do leitor podemos apresentar-lhe cópia duma dessas cartas, dirigida ao sr. Pavão, deputado por Mirandela, o qual especialmente parece ter incorrido no desagrado dos nihilistas que ao presente se acham em Lisboa para executar as ordens da terrível associação.

Ei-la:

 
Amigo Pavão:

Por ordem do grande "comité" internacional, fica certo ao receber desta que, se porventura intentas propôr-te por Mirandela, serás condenado a pena última. Tu, Bismark, o imperador da Rússia e o Joaquim José Alves são os quatro em que nós, os vingadores da opressão social, temos os olhos fitos. Escolhe: ou retiras a candidatura ou vais para os anjinhos.

Não penses que podes fugir à justa punição. À noite, quando tomares cerveja no Passeio Público, o punhal vingador estará erguido sobre ti, no café à mesa redonda do teu hotel jantarás na companhia dos nihilistas, e um nihilista irá dormir contigo no mesmo leito.

Os últimos incêndios de Moscovo são um presságio do castigo que te aguarda. Em a sobrecasaca te cheirando a chamusco, é que a tua última hora se aproxima!
Se fores esta noite ao Passeio, dá sinal, desdobrando à janela o Diário de Notícias. Eu lá estarei no botequim, do lado esquerdo; sobrecasaca preta abotoada até acima, e chapéu derrubado sobre a testa.
Sobretudo não avises a polícia, porque, como deves saber, a polícia de Lisboa é a primeira nihilista do mundo.
Escolhe: ou Mirandela ou Morte.

 

O delegado da associação encarregado

           dos assassinatos eleitorais

                  Romanoff Júnior

 

Fonte da notícia: Hemeroteca Municipal de Lisboa

 

MALMEQUER

MALMEQUER Português, ó malmequer Em que terra foste semeado? Português, ó malmequer Cada vez andas mais desfolhado Ma...