MARIA ONDINA BRAGA
(Braga, Portugal, 1932 - Braga, 2003)
Escritora,
tradutora, professora, poetisa
***
NATAL
CHINÊS
Menino
Jesus vestido
De quimono de brocado,
No Velho Império nascido,
Como pareces cansado…
De quimono de brocado,
No Velho Império nascido,
Como pareces cansado…
Eu, sim,
que venho da calma
E das neves dos caminhos;
Dei a volta ao mundo: a alma
Trago-a coroada de espinhos…
E das neves dos caminhos;
Dei a volta ao mundo: a alma
Trago-a coroada de espinhos…
Mas tu, de
olhinhos estreitos,
Jesus Menino dos chins,
Tu que recebes respeitos
De culis e mandarins.
Jesus Menino dos chins,
Tu que recebes respeitos
De culis e mandarins.
Tu que
derrubas os budas
Dos seus tronos levantados,
Tu tão triste? – É do Judas
Que te trai em meus pecados.
Dos seus tronos levantados,
Tu tão triste? – É do Judas
Que te trai em meus pecados.
Nessa face
de marfim
Quanta fadiga se encerra!
– Será da morte de mim
Ou da morte desta terra?
Quanta fadiga se encerra!
– Será da morte de mim
Ou da morte desta terra?
Vestes de preto encarnado,
Bodas
de amor anuncias,
Porém o gesto magoado
Não diz senão agonias…
Porém o gesto magoado
Não diz senão agonias…
Emprestou-te
o escultor
Sua própria e amarga sina.
Menino Jesus de dor,
Tu és a alma da China.
Sua própria e amarga sina.
Menino Jesus de dor,
Tu és a alma da China.
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