terça-feira, 2 de julho de 2019

ARY DOS SANTOS – Retrato de Alves Redol


ARY DOS SANTOS
Lisboa, Portugal, 1937 – 1984)
Poeta, declamador, publicitário

***
RETRATO DE ALVES REDOL

Porém  se por alguém não foi ninguém
cantou e disse  flor  canção  amigo
a si o deve. A si e mais a quem
floriu  cresceu  cantou  lutou consigo.

Homem que vive só  não vive bem
morto que morre  só é negativo
morrer é separar-se de ninguém
e contudo  com todos  ficar vivo.

Nado-vivo da morte. É isso. É isso.
Uma espécie de forno de bigorna
de corpo imorredoiro que transforma
em fusão o metal do compromisso:
Forjar o conteúdo pela forma:
marrar até morrer. E dar por isso.


 





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