sexta-feira, 30 de agosto de 2019

CARLOS CONDE – Flores de Lisboa




CARLOS CONDE
(Murtosa, Aveiro, Portugal, 1901 – Lisboa, 1981)
Poeta

***

De Carlos Conde diríamos que foi um aguarelista em verso. Neles pintou os bairros mais típicos da cidade de Lisboa – não só na sua época, mas também na dos alvores do Fado – e a alma dos seus habitantes. 

Dominou como poucos as letras descritivas, com um poder de evocação quase cinematográfico, carregando de cor os cenários e trazendo à vida nomes de antigos fadistas, boleeiros, campinos, faias, ou outros poetas seus contemporâneos que assim homenageou.

Tinha a noção de que o Fado era eminentemente popular e, como tal, a sua linguagem tinha de ser simples, coloquial, entendida pela gente humilde e pouco letrada, mas nem por isso destituída de sensibilidade, a qual sabia tocar como poucos.


in “Poetas Populares do Fado Tradicional” – Daniel Gouveia e Francisco Mendes.

***

FLORES DE LISBOA


Sempre a rir, sempre a cantar
Esta Lisboa bonita
Beija quem a sabe amar
E abraça quem a visita

Lisboa não se afadiga
De cantar a vida inteira
Tem p´ra tudo uma cantiga
A cidade cantadeira

A quem visita
Esta Lisboa
Terra que o mundo prende em fortes laços
Os nossos beijos
Com os desejos
A que voltem de novo a nossos braços
O meu país
P´ra ver feliz
Quem nos rende amizade fraternal
Concede flores
De vivas cores
Colhidas nos jardins de Portugal!
   
Lisboa deita-se tarde
E tão bem o fado entoa
Que nunca falte quem guarde
Uma nesga de Lisboa!

Canta e sente um bem profundo
Pois é feliz e contente
A cantar p´ra todo o mundo
E a sorrir para toda a gente.






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