ALPHONSE DE LAMARTINE
(França, 1790 – França, 1869)
Poeta,
romancista, dramaturgo
***
A UMA
FLOR SECA DUM ÁLBUM
Vem-me à lembrança. Eram praias
Nas quais um céu de Meio-Dia me atraía,
Céu sem mancha nem borrasca,
Onde, sob as folhagens, respirava
Do morno ar os perfumes.
Mar sem-fim,
Azul, no horizonte, perdia-se.
A laranjeira, esta festiva árvore,
Por instantes, por sobre minha cabeça nevava.
Odores
pelas relvas exalando-se.
Rente a uma coluna atravessavas
Dum templo pelo tempo apagado
Nele uma coroa fazias
Seu tronco, monótono, lembrar fazes
Com teus
flutuantes capitéis.
Flor que a ruína adorna
Sem um olhar que te admire.
Teu alvo estame colhi
Pro meu peito transportei
A fim de
teu perfume sorver.
Hoje, céu, templo, praia
Pra sempre tudo se foi:
Na nuvem teu perfume encontra-se
Dum belo
dia, morta, a imagem!
Tradução:
Cunha e Silva Filho
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