domingo, 14 de julho de 2013

LUÍS DE MONTALVOR

 
 
 
 
 
Luís de Montalvor, nasceu na Ilha de S. Vicente, Cabo Verde, no dia 31 de Janeiro de 1891 e viveu até 2 de Março de 1947, dia em que juntamente com a família, o seu carro, por acidente, caiu no rio Tejo.
Durante três anos viveu no Brasil, onde exerceu as funções de secretário da embaixada de Portugal.
Quando regressou a Portugal trouxe o projecto de lançar a revista “Orpheu”. (figura mítica que vai ao mundo dos mortos socorrer a sua mulher, sem nunca poder olhar para trás).
A “Orpheu” representou uma oportunidade, embora efémera, para os jovens poetas, na qual podiam publicar tudo o que lhes apetecesse.
Fernando Pessoa, disse em Novembro de 1935: “Orpheu” acabou. “Orpheu” continua.
E assim foi. Prosseguiu a ruptura com o passado, romântico e simbolista, emergindo uma nova geração que queria a mudança.
No ano seguinte, Luis de Montalvor publicou e dirigiu o primeiro e único número da revista “Centauro”. Nela, escreveu:
- “Somos os descendentes do século da Decadência. Onde somos hoje decadentes foram os de outros tempos nossos percursores".
Foi o fundador da “Editorial Ática”, que deu inicio à publicação sistemática das obras de Fernando Pessoa (1942) e de Mário de Sá-Carneiro (1946).
Luís de Montalvor, poeta e ensaísta, produziu curta obra. Mas foi um dos nomes mais importantes do modernismo português e um prossecutor da poesia da Decadência.
Os seus versos foram coligidos num único volume “Livro de Poemas”. Postumamente.
 
          “Tarde”
 
Ardente, morna, a tarde que calcina,
como em quadrante a sombra que descora,
morre − baixo relevo que domina −
como um sol que sobre saibros se demora.
Inunda a terra a vaga de ouro: fina
chuva de sonho. Paira, ao longe, e chora
o olhar errado ao sol que já declina
sobre as palmeiras que o deserto implora.

A um zodíaco de fogo a tarde abrasa,
em terra de varão que o olhar esmalta.
− Estagnante plaino de ouro e rosas − vaza

nele a sombra, sem dor, que em nós começa
e galga, sobe, monta e vive e exalta.
E a noite, a grande noite, recomeça!
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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