sexta-feira, 5 de julho de 2013

CESÁRIO VERDE

 
 
 



            Cesário Verde, nasceu em Lisboa no dia 25 de Fevereiro de 1855, e viveu até 1886.

Frequentou durante poucos meses o Curso Superior de Letras da Universidade de Lisboa. Desistiu e foi trabalhar para uma loja de ferragens propriedade de seu pai, na Rua dos Bacalhoeiros.

          A sua vocação poética impedia-o de estar intelectualmente inactivo. Começou a publicar os seus poemas no Diário de Notícias e noutros jornais.

Quando adoeceu com tuberculose, mudou-se para casa de família em Linda-a-Pastora.

O seu grande amigo Silva Pinto, que fora seu colega na Universidade, publicou a título póstumo “O livro de Cesário Verde”, que reúne as poesias do autor.
 
 
Sobre a sua estética literária, e as características temáticas da sua poesia, não cabe neste pequeno texto referi-las. No entanto, é interessante destacar um excerto da análise elaborada pelo escritor Eduardo Lourenço sobre Cesário Verde:
 
 
- “O universo de Cesário não é um universo pensado, crítico, à maneira de Eça (...), é um mundo sentido, palpado e ao mesmo tempo transcendido pelo sonho, que é desejo de um lugar outro, de uma humanidade outra que inconscientemente o conforta na sua admiração pela força, pela saúde e energia que a memória e o sangue lhe denegam.”
 
Incluído no livro "O Livro de Cesário Verde", o poema:


Cinismos            
 
 
Eu hei-de lhe falar lugubremente
        Do meu amor enorme e massacrado,
        Falar-lhe com a luz e a fé dum crente.

        Hei-de expor-lhe o meu peito descarnado,
        Chamar-lhe minha cruz e meu Calvário,
        E ser menos que um Judas empalhado.

        Hei-de abrir-lhe o meu íntimo sacrário
        E desvendar a vida, o mundo, o gozo,
        Como um velho filósofo lendário.

        Hei-de mostrar, tão triste e tenebroso,
        Os pegos abismais da minha vida,
        E hei-de olhá-la dum modo tão nervoso,

        Que ela há-de, enfim, sentir-se constrangida,
        Cheia de dor, tremente, alucinada,
        E há-de chorar, chorar enternecida!
        E eu hei-de, então, soltar uma risada.


 
 
 
 
 
 
 
 

 

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