Matilde Rosa Araújo, nasceu em Lisboa no dia 20 de Junho de 1921, e viveu até 6 de Julho de 2010.
Licenciou-se em Filologia Românica pela
Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa. Frequentou o Curso
Superior do Conservatório.
Foi docente do Ensino
Técnico-Profissional e do primeiro Curso de Literatura para a Infância.
Colaborou
em diversos jornais.
Alguns dos livros publicados: “Capuchinho Cinzento”;
“Estrada sem Nome”; “A Escola do Rio Verde”, “O Palhaço Verde”, “O Livro da
Tila”; “Camões Poeta, Mancebo Pobre”; “Histórias e Canções em Quatro Estações”,
“Os Direitos da Criança”.
Foi distinguida com o “Grande Prémio de
Literatura para Crianças”, da Fundação Calouste Gulbenkian e com o “Prémio da
Associação Paulista de Críticos de Arte”, de S. Paulo, Brasil.
Recebeu o grau de “Grande-Oficial da Ordem do Infante
D. Henrique” e foi agraciada com o “Prémio Carreira”, pela Sociedade Portuguesa
de Autores. Foi nomeada para o
Prémio Andersen 94.
Pertenceu ao “Comité Português da UNICEF”, ao “Instituto
de Apoio à Criança” e à “Sociedade Portuguesa de Escritores”.
Matilde Rosa Araújo, especialista em literatura
infantil, viveu em constante inquietude com as múltiplas complexidades das
crianças e foi uma acérrima defensora dos seus direitos.
eu via ali no beiral:
Tinham cabecinha preta
e branquinho o avental.
Vinte
meninas, não mais,
eu via naquele muro:
Tinham cabecinha preta,
vestidinho azul-escuro.
eu via naquele muro:
Tinham cabecinha preta,
vestidinho azul-escuro.
As
minhas vinte meninas,
capinhas dizendo adeus,
chegaram na Primavera
e acenaram lá dos céus.
capinhas dizendo adeus,
chegaram na Primavera
e acenaram lá dos céus.
As
minhas vinte meninas
dormiam quentes num ninho
feito de amor e de terra,
feito de lama e carinho.
dormiam quentes num ninho
feito de amor e de terra,
feito de lama e carinho.
para o almoço e o jantar
tinham coisas pequeninas,
que apanhavam pelo ar.
Já
passou a Primavera
suas horas pequeninas:
E houve um milagre nos ninhos.
pois foram mães, as meninas!
suas horas pequeninas:
E houve um milagre nos ninhos.
pois foram mães, as meninas!
Eram
ovos redondinhos
que apetecia beijar:
Ovos que continham vidas
e asinhas para voar.
que apetecia beijar:
Ovos que continham vidas
e asinhas para voar.
Já
não são vinte meninas
que a luz do Sol acalenta.
São muitas mais! Muitas mais!
Não são vinte, são oitenta!
que a luz do Sol acalenta.
São muitas mais! Muitas mais!
Não são vinte, são oitenta!
Depois
oitenta meninas
eu via ali no beiral:
Tinham cabecinha preta
e branquinho o avental.
eu via ali no beiral:
Tinham cabecinha preta
e branquinho o avental.
Mas
as oitenta meninas,
capinhas dizendo adeus,
em certo dia de Outono
perderam-se pelos céus.
capinhas dizendo adeus,
em certo dia de Outono
perderam-se pelos céus.
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