quarta-feira, 10 de julho de 2013

VERGÍLIO FERREIRA

 
 




Vergílio Ferreira nasceu em 28 de Janeiro de 1916, na aldeia de Melo, concelho de Gouveia, e viveu até 1 de Março de 1996.

Aos dez anos entrou para o Seminário do Fundão. Esta vivência será o tema do romance “Manhã Submersa”.

Aos 16 anos abandonou o seminário e terminou o curso liceal no Liceu da Guarda.

A seguir mudou-se para Coimbra, onde frequentou a Faculdade de Letras, na qual se licenciou em Filologia Clássica.

Faro é a cidade onde o escritor inicia a sua actividade de professor de português e latim.

 Bragança e Évora são as cidades que se seguem na sua vida de docente, sendo a última o local onde Vergílio Ferreira escreveu, em 1953, o romance “Manhã Submersa”, que foi adaptado para o cinema por Lauro António e no qual o próprio escritor interpretou o papel de Reitor do Seminário.

Depois veio para Lisboa, onde leccionou no Liceu Camões.

Entre 1981 e 1994, Vergílio Ferreira publicou nove volumes de diário, designado por “Conta-Corrente”.

A sua vasta obra, dividida em romance, poesia, ensaio e diário abrange dois períodos literários: o Neo-realismo e o Existencialismo.

Em 1984 foi eleito para a Academia Brasileira de Letras e em 1992 para a Academia das Ciências de Lisboa.

Participou no “Congresso da Associação Internacional de Críticos Literários”, em Alma-Ata, na ex-União Soviética, e na apresentação de escritores portugueses em França, no “Festival Literário Les Belles Étrangères”, organizado anualmente pelo Centro Nacional do Livro, sob a égide do Ministério Francês da Cultura.

Sylviane Sambor, directora do Centro do Livro e de Leitura em Poitou-Charentes, realizou uma semana cultural sobre a obra literária de Vergílio Ferreira, na qual participaram Robert Brechón (professor, ensaísta e lusófilo francês), Eduardo Lourenço e Eduardo Prado Coelho.

A Câmara Municipal de Gouveia instituiu o “Prémio Literário Vergílio Ferreira”, destinado a galardoar, bienalmente, autores de originais nas áreas de romance, ensaio literário e de Estudos Locais de Património, História e Cultura.

 
 Do livro “Conta-Corrente 1”, o poema:

 
Veio Ter Comigo Hoje a Poesia.

 
Veio ter comigo hoje a poesia.

Há quantos anos? Desde a juventude.

Veio num raio de sol, num murmúrio de vento.

E a ilusão que me trouxe de uma antiga alegria

reinventou-me a antiga plenitude

que já não invento.

 

 Fazia-lhe outrora poemas verdadeiros

em fornicações rápidas de galo.

Hoje não sou eu nunca por inteiro

e há sempre no que faço um intervalo.

 

 Estamos ambos tão velhos – que vens fazer?

- a cama entre nós da nossa antiga função.

Nublado o olhar só de a ver.

E tomo-lhe em silêncio a mão.

 

 

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