Alfredo Guisado (Lisboa,
Portugal, 1891 -1975) foi poeta e jornalista.
Alfredo
Guisado integrava-se nas correntes avançadas
da poesia portuguesa da época. Foi amigo e colaborador de Fernando Pessoa.
O
fundamental da sua obra poética está publicado no volume Tempo de Orpheu, no âmbito da renovação poética do modernismo.
A sua
forte ligação à Galiza rural inspirou-o a escrever poemas na língua galega.
O pai de Alfredo Guisado era o proprietário do restaurante “Irmãos Unidos”, no Rossio, em Lisboa. Este restaurante tornou-se o ponto de encontro de estudantes e jovens intelectuais, onde foi recrutada a base de apoio para o lançamento da revista Orpheu, em 1915.
Ante a Paisagem
O pai de Alfredo Guisado era o proprietário do restaurante “Irmãos Unidos”, no Rossio, em Lisboa. Este restaurante tornou-se o ponto de encontro de estudantes e jovens intelectuais, onde foi recrutada a base de apoio para o lançamento da revista Orpheu, em 1915.
Ante a Paisagem
Eu fujo da Paisagem. Tenho
medo.
Os pinheirais são em marfim bordados.
Sou paisagem-cetim num olhar quedo,
Oiro louco sonhando cortinados.
Os pinheirais são em marfim bordados.
Sou paisagem-cetim num olhar quedo,
Oiro louco sonhando cortinados.
Fujo de mim porque já sou
Paisagem.
Procura-me Satã no meu chorar...
Seus passos, o ruído da folhagem.
Cimos de lírios velhos de luar.
Procura-me Satã no meu chorar...
Seus passos, o ruído da folhagem.
Cimos de lírios velhos de luar.
As tuas mãos fechadas e
desertas,
Janelas pra o jardim, jamais abertas,
Fiam de mármore um correr de rios...
Janelas pra o jardim, jamais abertas,
Fiam de mármore um correr de rios...
Os teus olhos cansados de
saudades.
Eunucos possuindo divindades...
Hora-luar a de teus olhos frios...
Eunucos possuindo divindades...
Hora-luar a de teus olhos frios...
Alfredo Guisado,
in “Elogio da Paisagem”
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